26.2.17

A minha vizinha de baixo

Os nossos vizinhos de baixo, inquilinos do proprietário intitulado A Besta, parecem ser um casal normal, pais de duas crianças de pouca idade. Não imagino que profissão têm uma vez que vejo frequentemente os dois a irem pôr a pé os filhos à escola de manhã, a irem buscá-los ao almoço, a voltarem a ir pô-los à tarde e novamente a irem buscá-los. Não sei se estão desempregados, se trabalham à noite, se trabalham por turnos, não faço ideia. Mas parecem um casal calmo, ela vai rindo pelo caminho, ele leva à pequenita às cavalitas muitas vezes. Às 21h as crianças já estão deitadas e não se ouve nem um ai, é um sossego. É aquele tipo de casal que, à primeira vista, imaginamos na cozinha a fazer biscoitos com os filhos, a cantar em rodinha, com mil abraços e beijos por dia, sentados os quatro a ver filmes da Disney e a comer pipocas. É por isso que não deixo de me surpreender com a quantidade e elevado volume de gritos que começam logo pela manhã. A ele não o oiço mas ela fica absolutamente histérica. De manhã, ao almoço e ao final do dia. Não condeno, atenção, parece-me que as duas crianças estão mesmo na idade certa para só fazerem disparates, para dizerem que "não" a tudo, para dificultar qualquer tarefa ou ordem mais simples, deve ser de pôr os cabelos em pé. Ainda assim, custa-me ouvi-la gritar uma série de asneiras e sobretudo coisas como "Estou farta de vocês!". Não sei o que me espera, não sei que tipo de criança a Mini-Tété vai ser, não quero cuspir para o ar até porque sei bem que sou uma pessoa com reduzida paciência para birras e que facilmente poderei dar por mim a dar-lhe um berro, mas não gostaria de chegar a este ponto em que lhe diria este tipo de coisas. E esta semana, enquanto ouvia esta mãe num crescendo de berros, cuja resposta da filha era um choro cada vez maior, tive vontade de ir lá bater à porta e perguntar "Quer ajuda? É que a situação parece um bocadinho fora do controlo....", não porque seja melhor mãe, não porque ache que a filha seja uma santa com uma mãe diabólica que lhe grita, mas porque nem à criança ajuda ouvir certas coisas nem à mãe faz bem dizer certas coisas que com certeza mais tarde, penso eu, se arrependerá de ter dito. 

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