15.4.18

2 anos e meio


Aos 2 anos e meio, a Mini-Tété continua a gralha habitual. Repete tudo o que digo, explica raciocínios, conta histórias, conta acontecimentos pelos que passou, decora pequenas expressões (agora anda numa de me perguntar "Então, Maria, o que estás a fazer?", expressão que o Jack usa e que eu não gosto nada), faço viagens de carro com ela a falar o tempo todo sozinha ou comigo (e uma pessoa quer ouvir música e não consegue). Já começa a entender melhor quando falamos com ela francês mas responde sempre em português. Já sabe os animais em francês, as cores, os números, expressões de boa-educação, as roupas...
Já não deixa que a calce, o que nos leva a agora ter de cuidado com o calçado que lhe arranjamos pois tem de ser de velcro e não com atacadores ou presilhas de forma a conseguir continuar a ser independente.
Continua a comer sozinha a sopa, o segundo prato e a fruta, a não ser quando lhe dá a preguiça e pede que demos.
Dorme bem, noites seguidas como normalmente, mas ainda tem noites em que demora imenso a adormecer, socoooorro. Já para dormir a sesta, felizmente, é chegar à cama e tiro e queda.
Distingue a direita da esquerda e anda a tentar aprender a dar nós (com tudo o que seja atacadores, cintos de robes, cordões das calças...). Na verdade quer aprender a atar os atacadores como o Ruca mas nós ficamo-nos por lhe ensinar apenas a fazer nós. 
Gosta de ver o Noddy/Oui Oui e o Ruca/Caillou (vê nas duas línguas). Também acha piada ao Carteiro Paulo. E gosta das músicas da Disney (seja qual for a língua).
Há umas semanas, desabafei no facebook que as birras tinham chegado em força. A verdade é que me deu dois dias infernais com direito a deixar-me a almoçar sozinha enquanto ficava amuada no quarto, e eu comecei a ver a minha vida a andar para trás. Afinal foi apenas isso. Quer dizer, está a começar a tentar fazer valer mais a sua vontade (passo o dia a ouvir "Mas eu quero"), argumenta comigo, chora quando não vê a sua vontade satisfeita mas são crises curtas e de fácil resolução. Se fosse sempre assim, não me importava nada de nada. 
Já sobe e desce as escadas quase sozinha (tem de ter sempre ali uma mãozinha apoiada na parede para a amparar). E descobriu agora que consegue subir sozinha para cima do banco e assim ver outro mundo. Assim já consegue ligar e desligar os interruptores, consegue ajudar-me na cozinha pois vê a bancada...Enfim, anda encantada com esta descoberta.
Está ansiosa por ir para a casa nova, sempre que lá vamos ver o estado das coisas, insiste que o pai a leve ao quarto dela e só fala na cama de menina grande que lhe vamos comprar.
Continua a ser muito pouco mimenta, valha-me Deus. Se lhe peço um beijinho ou um abraço, a resposta é sempre "não" (em abono da verdade, é a resposta a quase tudo o que lhe pergunto). Se não pedir, não se lembra de dar nada. Mas pede colo. E com o pai é mais meiguinha mas não muito mais. No outro dia disse "Je t'aime" ao Jack, a fofinha (a mim nada, claro).
Ainda usa fraldas (depois de há uns meses ter acordado a dizer que não queria mais mas passou-lhe), vamos fazer o desfralde mais para o Verão.
Já conseguiu saltar com os dois pés algumas vezes. Vai treinando e às vezes lá consegue. :D

É uma miúda inteligente, gosta verdadeiramente de aprender coisas, sobretudo palavras novas. É pouco dada a actividades mais físicas e continua a ser o tipo de criança que tenta uma vez chegar ou subir a algum sítio, não consegue, desiste e vai embora. É preciso insistir um bocado para que tente novamente de forma a que aprenda. É calma a maior parte do tempo, gosta de sossego, continua a achar que alguém que não fale docemente está a ralhar com ela e ressente-se quando vê algum pai a ralhar com outros miúdos. Eu acho que ela é feliz. Pelo menos, espero que o seja. Porque nós somos muito felizes com ela. 

3 comentários:

  1. Nas ultimas semanas aproveitei para ler o blogue todo desde o inicio :D Eu ja acompanho o blog desde o ano passado mas de facto nao conhecia os post mais antigos. Ora de tanta leitura ficaram umas duvidas/curiosidades. Sei que sao questoes mais pessoais, se calhar nunca partilhaste por opcao, mas enfim, caso te apeteça responder aqui vai:

    Qual é exactamente a profissao do Jack?

    Porque motivo te despediste do teu emprego em Portugal?

    Qual foi a experiencia negativa que tiveste no Erasmus em França?

    Porquê tanto cuidado na compra das alianças para o casamento? É que num post percebi que nenhum dos 2 a usa no dia a dia. Tenho um colega q tb nao usa e por isso p o casamento comprou umas baratas de 9k pois era so mesmo para a cerimonia.

    Quando andavas á procura de emprego em França antes da mini-Teté nascer so procuravas na tua area de biologia?

    Quais os planos para o apartamento actual? Vao vender ou manter este e a casa nova?

    Pensam em voltar algum dia para Portugal?

    Filipa

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  2. Olá :)

    Gabo-te a paciência. :D Já são uns quantos anos de leituras. :D
    Ora bem, respondo às perguntas todas mas com diferentes graus de especificidade. :)

    1. O Jack trabalha em grandes construções (como hospitais) na parte da colocação de isolamento.

    2. Porque não estava satisfeita com algumas coisas que estavam a acontecer na equipa e porque para continuar lá havia "uma condição" que eu já não queria aceitar mais. E também porque o Jack já estava em França há 3 anos e estávamos a chegar àquele ponto em que ou um de nós se mudava ou a relação começava a sofrer com a distância.

    3. Não aconteceu nada em Erasmus de único e extremamente grave. Foi um conjunto de situações que todas juntas fizeram com que aquele ano não fosse nada agradável. Fiquei num polo diferente de todos os outros Erasmus, fora da cidade, por isso basicamente não convivia com eles. O corredor onde era o meu quarto na residência tinha apenas tunisinos, com todas as suas características diferentes das nossas. E partilhar casas-de-banho e cozinha (que tínhamos de ser nós a limpar) com pessoas com hábitos tão diferentes não foi de todo fácil (havia cocó nas paredes, p.e...), fora o assumirem que por ser mulher tinha deveres para com eles, que obviamente não tinha, mas era mais uma guerra com que eu tinha de lidar. A residência ficava no meio de um bosque, juntamente com esse polo da Universidade e não havia mais nada por ali para convivência social, fora os avisos para que as raparigas evitassem andar sozinhas no bosque depois de anoitecer. Lia os relatos das minhas amigas que se andavam a divertir nos seus Erasmus noutros países enquanto que eu estava a passar por uma solidão enorme porque não havia maneira de fazer amigos onde eu estava. Na residência estava basicamente fechada no quarto para não ter de lidar mais do que já lidava com os "vizinhos", e no trabalho...bom, são franceses, não se dão muito. :) Não tinha internet na secretária que me deram nem na residência, o que aumentou ainda mais a solidão. E mais coisas assim. A antipatia dos franceses, havia dias em que só falava com os meus pais à noite porque o resto do tempo era em silêncio, o ter ficado doente com uma bronquite que me levou duas vezes ao hospital, os ataques de ansiedade que passei a ter, vários por hora que me deixavam completamente exausta e assustada porque nunca tinha tido nada daquilo...E foi perceber pela primeira vez que mesmo que eu fizesse tudo bem e segundo todas as regras, nada melhorava. :) Houve mais coisas, mas no geral foi mesmo assim conjunto de mil e uma coisas. :)

    As alianças nunca foram apenas para a cerimónia. :) Mas não usamos por razões diferentes: eu porque depois do casamento engordei e ela não me serve, mas quero acreditar que voltará a servir um dia. :D O Jack não a pode usar durante a semana por questões de segurança com o trabalho que tem, mas usava-a ao fim-de-semana. Como eu não uso a minha, ele foi-se esquecendo de a usar também, mas de vez em quando ainda se lembra e vai buscá-la. :)

    Não, procurei também fora da minha área.

    Vamos vender este apartamento, se tudo correr bem. Quando comprámos a casa nova, tínhamos a ideia de talvez o pôr a alugar, mas ao longe destes anos temos tido muitos problemas com um dos outros proprietários, problemas esses que não acabarão com a nossa mudança e que não acabariam se apenas alugássemos. Por isso, vamos vender para ver se recuperamos um pouco de paz. :)

    Sim, pensamos e falamos nisso. :)

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  3. Obrigada pela paciencia na resposta :-)

    Filipa

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Digam-me coisas. :)