18.4.18

É a lei da selva nos parques infantis?


Há uns meses escrevi aqui que não encontrava vivalma nos parques infantis, que a Mini-Tété não encontrava outras crianças para brincar, que não compreendia tal ausência. Não sei o que mudou mas nas duas últimas semanas, as crianças apareceram e a Mini-Tété tem podido sociabilizar quase todos os dias durante algumas horas, começando até a ganhar um pouco de confiança com duas outras meninas da sua idade que por lá tem encontrado. O aparecimento de tantas crianças tem este lado positivo mas não deixa de ser assustador ver como se comportam crianças de diferentes idades a partilhar o mesmo parque.

Se algum miúdo mais pequeno se lembra de levar uma bola, as crianças mais velhas tiram-na sem qualquer dó nem piedade, jogando entre elas e deixando o que levou completamente de parte por não os conseguir acompanhar, obrigando depois a que a mãe ou o pai andem a tentar a recuperar a bola para que o filho também brinque um pouco. Por vezes lá se ouve um grito de um pai/mãe para que as crianças mais velhas incluam o dono da bola, mas dois passes depois a coisa já está esquecida até nova chamada de atenção, se a houver. Depois esquecem-se completamente de onde estão e fazem a bola atravessar todo o parque no ar, arriscando-se a acertar em alguém que por lá esteja. Ainda ontem impedi que um bebé de 1 ano apanhasse com uma bola na cara e fora o agradecimento da mãe não ouvi ninguém a chamar a atenção a quem tinha dado o pontapé.

Se algum miúdo leva brinquedos, parece-me normal que as outras crianças queiram brincar e que haja ali alguma partilha. A Mini-Tété tem brincado com brinquedos de outras crianças e já chegou a levar os seus para brincar e partilhar. Já não me parece tão normal que para alguns pais seja normal que os seus filhos cheguem ao pé dos brinquedos, apanhem os que querem e os levem para outro sítio sem dizer nada. A ideia é partilhar e brincar em conjunto, não é fornecer brinquedos aos outros que depois os deixam esquecidos ou enterrados quando se fartam.

Da mesma forma que não compreendo porque é que os pais não dizem nada aos filhos que insistem estar a subir pelo escorrega em vez de pela escada, impedindo quem quer descer que o faça. Mais, ainda vejo estas crianças a pedir a quem está a querer descer que se afastem para que eles possam subir por ali. Que se faça esta brincadeira quando o escorrega está vazio, parece-me óptimo. Que a façam quando há outras crianças a tentar brincar, parece-me estranho que os pais nada digam. Ainda mais quando as ditas crianças decidem descer pela escada onde estão outras a tentar subir muitas vezes com o auxílio ainda das mãos. Já cheguei a ter de tirar um bebé que não era meu sob pena de este apanhar com uns pés em cima das mãozinhas. E eu não gosto de mexer em crianças que não são minhas.

Mais ainda me espanta a maneira como as outras crianças se dirigem aos adultos que não conhecem. E se nas situações acima descritas eu não posso dizer que no meu tempo isto não era nada assim, aqui acho que posso. Eu já tive um miúdo de 3 anos a berrar-me para que lhe emprestasse o frasco de fazer bolas de sabão e a impedir-me de sair do parque porque não lhe emprestava (em minha defesa, emprestei uma vez e vi-o pronto a beber a água ensaboada, só se fosse doida é que emprestava segunda vez...). Já tive crianças a dar-me duas palmadas nas pernas para que as pusesse num escorrega onde sozinhas não chegam. A falar comigo e mandarem vir como se as tivesse visto nascer e lhes desse confiança para isso. A última foi uma pequena de 5-6 anos que se lembrou de agarrar a Mini-Tété no topo de um escorrega, impedindo-a de descer e forçando-a a ficar sentada ao seu colo. A minha pequenina entrou em pânico ao ver-se presa daquela forma e tive de repetir várias vezes e em tom duro à miúda que estava a assustar a Mini-Tété e que tinha de a largar imediatamente para que finalmente ela parasse com o ar de desafio e a libertasse. Quando eu era pequena não me passaria pela cabeça dirigir-me a um adulto completamente estranho quanto mais desafiá-lo.

Onde andam os pais nestas situações? As crianças não nascem ensinadas mas precisam que alguém lhes explique como funciona o mundo e quais as regras de boa convivência. Ainda no outro dia li uma crítica aos pais que andam atrás dos filhos no parque em vez de os deixar livres a brincar. Mas se os deixar livres é permitir que façam o que querem e que os mais indefesos que se desenrasquem não me parece que assim todos se divirtam.

Sou mãe de primeira viagem, tenho tenho uma filha de 2 anos e meio que nunca mordeu, nunca bateu nem nunca sequer levantou a mão e por isso a minha visão pode obviamente estar condicionada por isto. Será que daqui a uns anos vou pensar de outra forma?

3 comentários:

  1. Estou tão de acordo. O meu já tem 9 anos e, por isso, já não tenho mt esse problema. Mas confesso q sempre fui dessas mães q andam atrás dos filhos no parque, por todas essas razões que enumeraste! Há pais q me irritam até ao âmago, por deixarem as pestes fazer tudo livremente!!

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  2. Mesmo! E ficam ali sentados sem dizer nada ou simplesmente a mandar qualquer coisa para o ar pouco se importando se estão a ser ignorados. Eu sei que há crianças mais activas e energéticas que a minha mas há no mínimo regras que todos deveriam saber e cumprir.

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Digam-me coisas. :)