22.8.18

Meu estranho mês de Agosto


Este mês tinha tudo para ser diferente mas acho que conseguiu romper todas as expectativas e ser ainda mais estranho do que eu pensava que seria. É o último mês antes da Mini-Tété entrar na escola, o nosso último mês desta aventura a duas que durou 2 anos e 10 meses, o último mês deste meu papel de mãe-a-tempo-inteiro-24h-por-dia-7-dias-por-semana.

Esperava aproveitar bem este mês, tentar guardar na minha péssima memória os mais pequenos pormenores, esquecer quase na totalidade as tarefas domésticas e brincar, brincar, brincar muito a Mini-Tété. Mas a minha pequenita está virada do avesso este mês e decidiu ser absolutamente do contra em tu-do. Tu-di-nho. A mudança de comportamento que eu esperava haver em Setembro começou agora, com ela a fazer tudo aquilo que sabe que não lhe é permitido, a disparatar, a querer sempre o oposto do que eu quero ou lhe digo. Não estou certa da razão, inicialmente achei que era o regressar a casa depois de umas férias ao pé do mar com toda a atenção dos avós, depois talvez o passar de ter o pai 24h por dia para o ter novamente apenas 1h ou 2h por dia, ou talvez o início do desfralde e os primeiros dias fechadas em casa para gerir melhor este processo, e depois talvez o aperceber-se que a escola está quase aí, o não ver o seu quarto novo pronto, o adivinhar as mudanças que vêm aí, ou apenas uma fase normal da idade. No fundo, talvez tudo isto junto. Não interessa, lida-se o melhor que se pode e suspira-se por não se poder aproveitar este mês como se queria.

Sentimentalmente está a ser o que eu esperava. Tem sido assim nos 3 últimos meses. Uma montanha-russa entre o nem pensar muito no assunto, o achar que vai correr tudo bem e a angústia de como vai correr. Há 3 meses não descansava a pensar na dificuldade da Mini-Tété a expressar-se em francês, depois passou-me, agora começo a sentir o nervoso miudinho a voltar. Depois preocupei-me com o desfralde, agora já está resolvido. Depois andava super calma e tive a infeliz ideia de ler uns casos de algumas cantinas em que forçam as crianças a comer e tive direito a noites de insónias a pensar nisto. Acalmia. Depois houve uma fase em que me parecia que todos os dias um professor/auxiliar/explicador/monitos/etc era preso por molestar as crianças e andei com um nó no estômago dias seguidos. Mar calmo. Nova onda ao lembrar-me do bullying. Depois passou outra vez. Parece-me normal, pelo menos, é-o para mim, e aceito estas ondas de preocupação da mesma maneira que aceito a maré baixa em que tudo correrá bem.

O fecho deste ciclo de 3 anos em que estive com a Mini-Tété está a custar-me. Não mais do que o esperado pois afinal eu nunca gostei de mudanças, mas é mais um sentimento com que lidar.

A casa não avança à velocidade que queremos. Queremos mudar o quanto antes e iremos fazê-lo mesmo sem as obras estarem todas completas, até porque a fase final vai ser feita à medida que o mealheiro for permitindo. Mas antes das mudanças há coisas básicas que têm mesmo de ser feitas e tudo parece demorar o triplo do tempo que pensávamos demorar. O stress, a resolução de problemas, o pensar em alternativas, a burocracia francesa, está a deixar-nos para lá de fartos com tudo isto.

E por isso neste mês a paciência não é a esperada, a Mini-Tété não está a ajudar (não está um pequeno diabo, mas está realmente numa fase cansativa de medir os limites, a juntar à fase dos "porquês" que nunca mais abranda), e eu passo os meus dias a saltitar entre o "raios partam, que a escola nunca mais começa, eu não nasci mesmo para ser mãe a tempo inteiro" e o "nãããããããoooo, eu não quero que ela vá para a escola, quero-a ao pé de mim, eu não conheço aquelas pessoas, nãããããoooo".

Estranho mês de Agosto, cheio de coisas para gerir.

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