19.12.13

A conversa com o Sr. Padre

No fim-de-semana em que ambos estivemos em Portugal, aproveitámos para falar com o padre. Não será ele a casar-nos uma vez que estará ocupado com a catequese e os escuteiros, mas deveríamos falar com ele na mesma. Eu confesso que ia assim meio de pé atrás. Não me lembro da última vez que falei com um padre, deixei de ir à missa há mais de 10 anos, não me confesso desde a primeira comunhão, a minha relação com Deus é muito "tu cá-tu lá" e vejo a Bíblia como um simples livro escrito por homens. Fiz a catequese até ao crisma mas nos últimos casamentos a que fui nem sequer comunguei pois não gosto da hóstia que me fica colada ao céu da boca. Não sinto que precise de acreditar ou fazer o que quer que seja para me sentir mais próxima de Deus, e sei que por vezes digo coisas que, aos mais religiosos, podem surpreender. O Jack é um pouco mais religioso que eu e às vezes sorri e abana a cabeça com o que digo. E por isso, fui ter com o padre repetindo mentalmente pelo caminho "Não abras a boca, não digas muita coisa, não abras a boa, não digas muita coisa....". A conversa acabou por correr bem. O padre tem a sua piada e ainda me fez rir com algumas coisas que disse. Fiquei a saber que se um de nós fosse alcoólico ou toxicodependente, e mentisse ao outro sobre isso na altura do casamento, este poderia ser anulado pela igreja, pois teria ocorrido sob uma mentira. Acrescentou que o casamento demora apenas 15 segundos (é aquela parte em que se pergunta se fulano aceita fulano para marido, e vice-versa) e só demora um pouco mais de um de nós for gago ou desmaiar. Não concorda que os casais decidam ter um, dois ou três filhos, pois não têm nada que determinar o número de filhos que terão. Segundo a sua teoria, quem tem dois, tem três, quem tem três, tem quatro, e por aí fora. Aqui não me contive e disse que isso dependeria do estilo de vida escolhido, ao que argumentou que conhece casais com sete filhos e não é por isso que não têm uma boa vida. Calei-me para não arranjar confusão, mas eu sinto que ter filhos não pode ser superior ao facto de eu gostar de ir ao cinema de vez em quando, comprar um livro de vez em quando e de viver sem contar os tostões todos os meses. Eu quero ter filhos, sim, mas também quero continuar a fazer pequenas coisas que me deixam feliz. E se para ter essas pequenas coisas, terei de ter apenas dois filhos em vez de quatro, então terei apenas dois filhos. Pais felizes fazem filhos felizes. De resto, correu tudo bem, não falámos no CPM (curso de preparação para o matrimónio) pelo que assumimos que não temos de o fazer, assinámos o que tínhamos a assinar e viemos embora felizes e satisfeitos. Parámos num café para reforçar o pequeno-almoço e no café do Jack calharam-lhe estes pacotes de açúcar. :)




2 comentários:

  1. Concordo plenamente contigo! Essa coisa do "procriem que depois Deus providencia" é uma irresponsabilidade total!

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  2. Sim, é verdade que há desde sempre houve e haverá famílias numerosas. Mas eu penso ter o direito de escolher a família que eu quero.

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Digam-me coisas. :)