29.1.14

Primeira vez

Eram duas e tal da manhã e eu acordo com uma barulho que nunca tinha ouvido antes. Ainda naquela confusão do sono, sobressaltei-me achando que era a máquina de lavar a roupa que estava a dar o berro. Já imaginava o chão cheio de água, nós os dois em limpezas àquela hora, espuma por todo o lado, a máquina avariada a duas semanas de irmos a Portugal, a confusão que aquilo nos ia trazer. Depois lembrei-me que a tinha programado para mais tarde. Então era a máquina da louça, só podia! O barulho era fortíssimo,já devia ter os pratos da minha avó todos partidos dentro da máquina, água pelo chão da cozinha, e nós os dois a ter de ir limpar aquilo tudo, e quanto é que ficaria o arranjo, isto se houvesse arranjo claro! Depois lembrei-me que a máquina já tinha acabado de lavar quando me deitei. Então, espera, o que raio era aquilo? Parecia que alguém estava a serrar. Às duas e tal da manhã?? Acordei o Jack, ainda confusa do sono, não estava a compreender nada daquilo. Alguém estava a usar um serrote àquelas horas e isso não fazia qualquer sentido. Já com os dois despertos, fez-se luz. Eram os vizinhos de cima a dar largas a todo o amor que sentem um pelo o outro. Nunca tal tinha ouvido em 29 anos de vida. A cama, que deve estar pelas horas da morte, rangia a cada investida, o chão do quarto deve estar todo riscado porque a pancada era tal que a cama arrastava no chão. Juro que achei que ouviríamos um estrondo quando a cama finalmente cedesse. Ainda esperei que os filhos (3!) acordassem com aquela barulheira (devia ouvir-se no prédio todo!), mas devem ter um sono mais do que pesado porque embora chorem todas as noites, nesta mantiveram-se calados. Por fim, lá acabou, houve risinhos e conversa e eu pude finalmente adormecer. E foi assim, que pela primeira vez em 29 anos de vida ouvi vizinhos no acto. E era absolutamente dispensável. 

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