15.10.14

Malta em França chamada à recepção

Meninas que me lêem e que vivem em França ou já viveram (eu sei que há):

É impressão minha ou o ensino aqui em França não é levado tão a sério como em Portugal? Não tenho filhos, mas o Jack tem sobrinhos e cada vez mais vou ficando com a sensação que aqui estar a ensinar ou não os alunos é a mesma coisa. Dá-me ideia que a escola não é levada muito a sério, o que me espanta. =S

12 comentários:

  1. Como assim? É que eu até acho que exige mais do que em Portugal, sobretudo quando vejo miúdos a serem obrigados a MEMORIZAR poemas e passagens e coisas do género. Aliás, aponto isso como um dos problemas do ensino aqui em França: a obrigação da memorização e não da compreensão. Vivi com duas miudas que andavam na escola e percebi isso. Até eu, na faculdade, percebo que a memorização é muito bem vista, acima da compreensão de conteúdos. Mas nao sei se percebi bem o teu ponto ;)

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  2. Krystel,

    Vou ver se me consigo explicar melhor, até porque isto não passa de uma impressão que tenho. :) Não tenho filhos e não acompanho os sobrinhos do Jack ao ponto de estar com eles todos os dias a ver como são os trabalhos de casa ou o que deram nas aulas. E as únicas explicações que dei foram de matemática, o que implica sempre compreensão e raciocínio por isso aí não notei qualquer diferença.

    Mas em conversas com miúdos e pais (estamos a falar do ensino de adolescentes, o que também pode estar a ajudar à impressão que tenho) tenho a sensação que os professores não estão nem aí para se eles compreendem a matéria ou não, se fazem os trabalhos ou não. Faltam imensas vezes e já cheguei a ouvir de um dos pais "O meu filho às vezes também falta e a escola não diz nada. Era o que mais faltava: os professores faltam um mês seguido e ainda vinham pedir justificações por o meu filho faltar um dia?". Então mas a escola não diz nada?

    E tenho realmente a sensação que os professores faltam muito. Então no mês de Dezembro, oiço sempre histórias de professores que metem baixa durante esse mês. Até dá a sensação que é para poderem fazer as compras de Natal mais sossegados. =S Então mas os professores faltam desta maneira? E como é que é dado o plano curricular?

    Mesmo o plano curricular segundo os livros é uma confusão. Com as explicações percebi isso: Dão o 7º capítulo, agora dão o 1º, depois passam para o 5º, depois para o 8º. Parece não haver coerência. Diz o Jack que já na altura dele era assim e que quando foi para a escola aos 12 anos achou estranho em Portugal seguir-se minimamente os capítulos dos livros por ordem.

    Também tenho a sensação que há mais testes-surpresa (o que implica que não estude antes para ele). =S Ou então são os adolescentes que não apontam as datas e depois é uma surpresa. =P

    Não sei, é esquisito. Nunca assisti a nenhuma aula nem estive em ambiente escolar, e no entanto é esta a sensação com que estou.

    Quando fiz Erasmus, tive aulas de Francês e realmente aquilo era uma palhaçada. Um semestre inteiro foi para aprender um tempo verbal apenas.
    De resto, passei um ano num laboratório da universidade (como investigadora, não como cobaia =P), ou seja, não frequentei verdadeiramente as aulas por isso não posso dizer nada sobre o ensino universitário. Mas na altura tinha ficado com a sensação que eram exigentes.

    Daí achar esquisito esta minha sensação que não ligam nada aos estudos quando depois são exigentes mais tarde.

    O que me podes dizer mais sobre o ensino por cá? :)

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  3. Errata: "Diz o Jack que já na altura dele era assim e que quando foi para a escola em Portugal aos 12 anos achou estranho em Portugal seguir-se minimamente os capítulos dos livros por ordem."

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  4. Dei aulas em Portugal 4 anos e estou em Londres a dar aulas há 2. Continuo a ser uma feroz adepta do ensino português. portugal tem tudo para ter umsistema de ensino óptimo, pena que o governo insista em acabar com a escola pública. A Inglaterra deixa muito a desejar também.

    www.sacoladadiferenca.com

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  5. Em conversa com o Jack, diz ele:

    - O sistema em França é muito mais rígido.

    - Quando chegou a Portugal e se apercebeu que havia uma fórmula que se fazia para se saber quantas faltas injustificadas se podia dar no máximo para não chumbar por faltas, ficou chocado.

    - Diz que os professores faltam mais em Portugal. Confrontei-o com as histórias que temos ouvido e ele diz que não sabe se é um problema de agora ou daquela escola em particular.

    - Que ao andar à Universidade cá, achava que por vezes a rigidez era pouca, mas quando chegou a Portugal, achou que a vida universitária levava para muitos lados que distraiam dos estudos.

    Por isso, se calhar sou mesmo eu que estou com a sensação errada. :)

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  6. Ah, já percebi o teu ponto!
    Quanto ao ensino primário, básico e secundário não sei porque nunca cá o fiz, mas a faculdade é uma palhaçada. Ando na Sorbonne, que é a faculdade mais conhecida em França, e fiquei chocada quando cá cheguei em 2011 para iniciar a licenciatura. Não há muita exigência e sobretudo não há (salvo felizes e raras excepções) muito acompanhamento do trabalho do aluno. Certo, é faculdade, mas é uma confusão. E aqui posso comparar o meu choque com os dos meus colegas que vieram do ensino francês: não ficam chocados. Já estão habituados à salganhada do ensino, portanto para eles é-lhes igual ao litro.
    Adoro o ensino português. Andei em escolas públicas em Portugal, e é tão porreiro porque ainda mantenho contacto com professores que tive. Falamos ocasionalmente por mail e facebook e uma vez por ano ainda vou à minha escola secundária ver um ou dois professores conhecidos que ainda por lá andam. Aqui, não há esse interesse de criar laços. Infelizmente, porque isso dá todo um outro valor à aprendizagem, que pelos "nossos" lados é, não diria mas valorizada mas mais impregnada nos nossos valores.

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  7. Cátia Lopes,

    Como é o ensino em Inglaterra?

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  8. Krystel,

    Mas chegaste a frequentar a universidade em portugal? Porque a diferença entre o secundário e o ensino superior português também grande. Somos simplesmente um número, não há um acompanhamento do aluno...Não sei se será assim tão diferente do ensino superior francês. E não sentiste diferença mesmo entre colegas? Mesmo em Erasmus sentia que o franceses não se dão tanto, que são muito escola/trabalho-casa-escola/trabalho. Não sentes isso?

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  9. Não, não fiz faculdade em Portugal, mas tendo todos os meus amigos lá e o meu namorado tendo feito a universidade toda lá, acho que é bastante mais acompanhado do que cá (mais que não seja online, aqui nem uma plataforma online com aulas ou apoio temos...).
    Ah sim, o relacionamento entre colegas não tem nada a ver. Mas ai acho que tem a ver com a cultura francesa mais do que com o ensino. Aqui é difícil fomentar amizades duradouras, as que tenho e fomentei são só com estrangeiros. Com franceses, sei que sao relações ligadas ao periodo de faculdade e nao irá passar dai. Infelizmente.

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  10. Krystel

    Conseguiste fazer-me sentir velha! =P
    No meu tempo não se usava assim taaaaanto as plataformas online! =P

    Sim, sim, no que toca às relações, definitivamente é algo cultural. Conheço portugueses com amigos portugueses e franceses, e mesmo eles dizem que as relações que têm com uns não é do mesmo tipo que têm com os outros. Os franceses são mais frios.

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  11. Ahahah percebo, mas quando vejo escolas e universidades com a tecnologia a dar grande suporte a aprendizagem noto que há aqui um problema de investimento e interesse por parte da universidade.

    Frios e fechados, não há a entrega que nós temos uns com os outros. É pena.

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  12. Sim,mesmo quando cá estive em Erasmus a escola orgulhava-se na altura de ter wifi em todo o campus como se isso fosse algo absolutamente fantástico e inovador (coisa que em comparação com Portugal, não era). Ah, e claro que a minha secretária ficava numa daqueles pontos que inexplicavelmente não apanhavam wifi. Fantástico.

    Sim, são mesmo um povo diferente.

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