5.12.14

Mamas alheias

A propósito desta notícia e do sururu que se tem criado nas redes sociais com várias frentes a defender campos opostos, eis aqui a minha opinião sobre mamas alheias. A última criança da minha família mais próxima nasceu há 12 anos por isso nem me recordo se foi amamentada, se não foi, se o fizeram à minha frente, ou não. Não sei, não me lembro. 

Há poucos anos uma conhecida nossa teve um bebé e podem imaginar a minha cara e a do Jack quando em plena confraternização lá em casa, connosco, com os pais da criança e mais duas pessoas se não me engano, a mãe levanta a camisola mostrando assim a barriga pós-parto e uma mama. Enquanto ajeitava e não ajeitava a criança, ali estávamos nós, sem saber para onde olhar com se algo nos obrigasse sempre a desviar o olhar para a mama ainda sem criança agarrada. Achei desnecessário. Ele também. Não havia necessidade de vermos tanto corpo, de ficar a conhecer a anatomia da rapariga daquela maneira, de assistir a semelhante espectáculo. Já tive uma amiga que amamentou à minha frente, sem fraldas a tapar mas a quem não fiquei a conhecer os sinais de grande parte do corpo. Há uns anos num centro comercial, uma mãe sentou-se numa mesa, mesmo à minha frente e começou a amamentar. E por muito que se queira, haverá sempre algum ângulo em que um bocado da mama se veja, percebia-se que a própria senhora estava desconfortável e eu vi-me obrigada a comer a olhar para todos os lados menos em frente, para não juntar o meu olhar aos outros que a observavam. E acho que foi nesse dia que decidi que não queria aquilo para mim. Amamentar assim em público sem nada que me resguarde será difícil acontecer,

Obviamente que haverá quem tenha menos pudor, quem se sinta mais confortável, quem pouco se importe com os olhares dos outros, mas também não vejo a necessidade de obrigar alguém a estar a comer e a chamar-lhe a atenção com uma parte do nosso corpo. Eu pelo menos não tenho interesse em estar sentada e estar a ver mamas, da mesma forma que não tenho interesse em estar a lanchar e estar a ver o rabo de alguém a quem as calças de cintura descaída não são a melhor opção. Ou estar a falar com alguém com um decote tão grande que uma pessoa tem mesmo de se concentrar para não olhar e comentar "Aaaah, tens a certeza que nenhuma vai saltar e atingir-me uma vista?". Ou deparar-me com esta nova moda de barrigas à mostra que fica tão mal à maioria das pessoas.

Só que obviamente da mesma forma que não posso impedir as pessoas de usar calças de cintura descaída, de usar decotes exagerados ou de mostrar a barriga, também não posso impedir que haja mulheres que se sintam confortáveis em amamentar em público e em mostrar aquilo que a gravidez lhes trouxe. Preferia que não o fizessem, mas não acho que tenham a obrigação de se tapar. Não custa é compreender que há quem não goste de ver e que é escusado lançar um movimento a favor da amamentação em público a descoberto só porque se sentem oprimidas. É que qualquer dia, temos os trolhas a fazerem um movimento alegando terem todo o direito de mostrar o rabo quando se agacham e que se achamos que não é bonito de ver, então estamos a oprimi-los.




3 comentários:

  1. Também me faz imensa confusão e acho super despropositado. Compreendo que seja complicado para quem tem bebés pequenos ter o tempo todo cronometrado com as horas de amamentação, mas caramba, os centros comerciais têm fraldários onde as mães podiam amamentar descansadamente e com mais privacidade. Acho que, amamentando ou não, são mamas e é nudez em público e deixa toda a gente constrangido.

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  2. Exacto, acredito mesmo que ou uma pessoa não sai de casa ou então sai por muito pouco tempo para não ser preciso amamentar nessa altura. Mas sendo necessário ausências maiores, claro que se amamenta em público uma vez que é uma necessidade do bebé. Agora pode é haver algum recato, como dirigirem-se para zonas com menor afluência ou tapando-se.

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  3. É uma decisão que caberá a cada um mas realmente fico sem jeito quando vejo uma situação dessas, acho que poderia ser evitada.

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