Quando estava grávida, alguém me disse que a única coisa má de ter um recém-nascido era a privação de sono. Passei a gravidez toda com várias pessoas a dizerem-me "Aproveita para dormir enquanto podes!!", coisa que fiz afincadamente e não deve haver neste mundo uma grávida que tenha dormido mais do que eu, ao ponto de ter começado a ouvir que se calhar dormia demais e que tantas horas sem comer não deviam fazer bem ao bebé (as pessoas nunca estão satisfeitas). Lembro-me de pensar que de facto, quando a Mini-Tété nascesse, me ia custar muito ter as noites de sono interrompidas, mas sempre achei que "ah e tal, como é o meu bebé vou ter um saco cheio de paciência, vai custar-me dormir menos mas como é por ela não vai ser assim tão difícil, mimimimi". Uma treta, é o que é. Acho que já aqui referi que acho que muitos dos casais que se zangam e se separam após o nascimento de um filho o fazem por estarem estoirados, cansados, sem dormir decentemente há dias, semanas, meses. E não é por ser um filho nosso que nos acorda a meio da noite uma, duas, três, quatro, cinco vezes que passa a ser mais glamoroso pois no fundo a falta de sono é falta de sono, independentemente da razão.
Um recém-nascido é, na verdade, como um marido temporariamente acamado, que nos chama a toda a hora, rabugento e que nunca agradece. Imaginem o que é viver com alguém assim: cada vez que pensam em ir à casa-de-banho, o marido chama aos gritos. Cada vez que começam a adormecer, ele chama aos gritos. Cada vez que pensam tomar banho, almoçar, passar a ferro ou simplesmente dormir uma sesta, ele chama aos gritos. E mesmo indo a correr para satisfazer as suas vontades, ele continua muitas vezes aos berros, histérico, sem razão aparente. E nunca, nunca, nunca agradece. Admitam: por muito que gostem dos vossos maridos, se eles vos fizessem isto eram meninas para pensar no divórcio ou em dar novo uso à faca da cozinha, certo?
Com um recém-nascido, as diferenças não são muitas e pessoalmente achei o primeiro e o segundo mês duros, devido à privação de sono (e atenção que eu acho que tenho especial sorte com a Mini-Tété, que é uma dorminhoca). Eu só queria dormir e ela não me deixava. Felizmente, as coisas começam a melhorar e quando eles começam a sorrir vemos um pouco a luz ao fundo do túnel e pensamos que afinal aquele pequenino ser se calhar até gosta de nós um bocadinho e não veio a este mundo apenas para nos infernizar a vida. Agora sou eu que passo o conselho "Durmam enquanto podem!!" porque realmente a privação de sono é o pior de ter um recém-nascido em casa.
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