Durante o jogo, a minha sogra perguntou-nos se não queríamos tirar o som à televisão já farta do quantidade de disparates que os comentadores franceses debitavam por minuto e, suponho eu, já farta das nossas reacções àquilo que eles iam dizendo. Acabámos por baixar o som e ignorar o pouco que se ouvia, dito de forma tão parcial e tão cega.
Os franceses são, de forma generalizada, um povo extremamente centrado em si, com um ego enorme, incapaz de reconhecer o mérito daqueles que acha serem seus inferiores. São individualistas, são convencidos, são demasiado chiques e demasiado bons em comparação com todos os outros, para além de não suportarem que o vizinho do lado tenha algo melhor que eles. Esperar que mostrem uma atitude humilde num campeonato deste género é o mesmo que esperar que andem a oferecer notas de 100€ à porta dos estádios. E esperar que aceitem com fairplay uma derrota é pedir-lhes que admitam que não são assim tão bons, algo que também não pode acontecer.
Quando saímos disparados porta fora encontrámos dois tipos de franceses: aqueles que ignoravam/sorriam (também os há, claro!) e aqueles que, perante a bandeira portuguesa, gritavam connosco, enfurecidos com a derrota. Parados num semáforo, o Jack apitava para o carro à nossa frente, também eles portugueses, e juntos gritávamos de alegria. Ao nosso lado, um carro com adeptos franceses gritava connosco, apitava também de forma furiosa e uma rapariga agarrada ao seu cachecol gritava-nos "Nós não nos importamos!!". Claro que se importam. Aliás é normal que se importem, perderam um jogo e se fossemos nós a ter perdido, também nos importaríamos. Mas aqui há um ego beliscado e magoado, um povo que não pode admitir a derrota porque isso significa que há melhores do que eles, e por isso o melhor é fingir que não foi contra Portugal que se jogou, fingir que não houve falta contra o Cristiano, fingir que não se importam. Esperar que nos dêem os parabéns, que reconheçam que merecemos (hoje saí de casa e se anteontem e ontem nos vários estabelecimentos comerciais a que fui, as pessoas até a cara tinham pintada e só se falava do jogo, hoje ninguém diria que ontem se jogou uma final do Euro 2016 em França, tal é o silêncio sobre o assunto), esperar que a impressa francesa dê destaque a Portugal é esperar demais. Mas se somos realmente mais de 11 milhões, como passámos o último mês a dizer, então festejemos apenas nós. Somos campeões e não precisamos que outro país o reconheça.
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