14.9.18

A cantina escolar

Mal comecei a dizer que a Mini-Tété entraria este ano na escola em "full-time" (ou seja, manhã, almoço e tarde) comecei logo a ouvir das mães com quem me dou, e que têm filhos da mesma idade da Mini-Tété, que coitadinha da minha filha, que a comida da cantina é péssima, que eles não comem nada, que a comida não presta, que não há condições, e que o melhor é ir buscá-la para almoçar em casa e depois ir levá-la à escola ou até mesmo ficar com ela de tarde. A minha resposta nunca variou muito e era algo ali à volta do "Pois, vamos ver como vai correr...".

Mas aqui entre nós, admito que ficava a pensar nisto. Obviamente que não quero a Mini-Tété a comer mistelas cinzentas sem conseguir descortinar um ingrediente que seja, para isso realmente é preferível que venha comer a casa, mas será efectivamente a comida da cantina assim tão má?
Se pensar nos meus tempos de escola, lembro-me de adorar a comida da minha escola primária. Era mesmo adoração ao ponto de eu querer ser professora mas apenas daquela escola por causa do almoço e de ainda hoje fazer pratos inspirados naqueles que me lembro de comer lá. Ainda assim, tenho conhecidos que andaram nessa escola comigo e que guardam péssimas recordações da cantina, odiavam a sopa, não gostavam do segundo-prato e não têm nada de bom a dizer sobre os almoços e lanches (vá, eu ao lanche também não gostava do copo de leite que éramos obrigados a beber).
No ciclo, a qualidade da comida decresceu um bocado mas ainda assim nada que me fizesse não gostar de lá comer. Se da escola primária guardo na memória a ideia de serem almoços de topo de gama, no ciclo a comida parecia-me normalíssima. Às vezes gostava, outras vezes não. Mas mais uma vez, também me lembro de haver colegas que não apreciavam almoçar por lá.
Já na escola secundária, a comida da cantina parecia-me óptima e digo "parecia-me" porque só almocei lá duas vezes. Infelizmente, o resto da turma não achava que comer na cantina fosse fixe ou bom (ou fossem quais fossem as razões) e preferiam ir para o bar almoçar folhados mistos, ice teas e kinder delices. E aqui a Tété não gostava nem gosta de comer sozinha por isso ia com eles, muitas vezes a chorar por dentro por não ir à cantina.
Já o meu irmão faz parte do grupo de nunca gostou de comer em cantinas ao ponto de preferir não almoçar.

Ora, é pensando nisto que acho estranho que as comidas da cantina sejam assim tão más quanto me descrevem. Porque se na minha altura, não o eram (na minha perspectiva), não faria sentido que ao longo do tempo tivesse até havido melhorias, visto a crescente preocupação com a alimentação infantil? Não farão estas mães parte do grupo que não gostava de almoçar nas cantinas em criança e continuam com a mesma ideia negativa da mesma? Ou terão elas razão? Imagino que haja cantinas muito boas e outras muito más, mas genericamente falando, como será realmente a comida de cantina nos dias-de-hoje?

Há dias, uma mãe contava que a filha não come nada na escola e que ela está a desesperar, que a comida é com certeza péssima e que já não sabe o que fazer. No que toca à Mini-Tété, já fomos avisados que praticamente não come nada, embora aceite provar um pouco de tudo (regra da escola e cá de casa). Já o esperávamos até pela descrição dela pois há dias em que diz apenas que comeu um iogurte ou uma maçã. A mim não me stressa nem me faz pensar que a comida é má, apenas sei que ela precisa de tempo para se adaptar a uma comida que tem um sabor diferente da que come em casa, a um lugar diferente cheio de crianças e barulhento, a outro ritmo à refeição, que à hora do almoço deve estar perdida de sono e quer mas é dormir em vez de comer e que no meio de tanta coisa nova, fará o que fazem tantas crianças quando sentem que nada controlam: controlam aquilo que conseguem e geralmente é a comida, pois não as podem obrigar a comer. É uma fase e há que a respeitar. E só depois desta fase é que perceberemos realmente se ela gosta ou não da comida da escola.




4 comentários:

  1. Podia ter sido eu a escrever este texto. Sempre gostei de comer na cantina e sempre achei a comida boa. Mas so comi a partir do 5o ano, ate terminar a escola primeira a minha mae ia buscar-me para almocar em casa (e a minha escola primaria na altura nem tinha cantina). Eu sempre gostei imenso da comida e sempre ouvi os outros miudos a queixarem-se, mas tal como na escola da Tete o que eles iam comer para substituir a refeicao era muito menos saudavel. A comida das cantinas onde estudei tinha diversidade, era boa e saudavel (claro, na maioria dos dias).
    Aqui em França nao sei... Vou deixar o meu filho quando for para a maternelle comer na cantina (nem teria outro opcao porque trabalho), mas nao tenho certeza se sera uma comida tao saudavel como nas cantinas em Portugal. Aqui nao ha sempre sopa... As entradas as vezes tem imensos molhos... E uma comida diferente com certeza, mas acredito que no geral haja variedade e seja equilibrada. O meu M. Tem um ano e meio e ha dias que come super bem e outros nao.. Mesmo que a comida seja a da Mãe e nao da cantina(ele leva as refeicoes de casa para a creche) . E normal que a Mini-Tete precise de um tempo de adaptacao. Espero que ja esteja tudo a correr melhor com a adaptacao à escola.

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    1. Sim, é uma coisa que aqui me faz confusão: a total ausência de sopa. Acho uma maneira tão boa de pôr logo as crianças a ingerir legumes no início da refeição, mas pronto...outro país, outros hábitos. Na escola da Mini-Tété, a entrada tem sido muitas vezes à base de vegetais ou fruta, não é mau.
      A adaptação não está a correr às mil maravilhas mas nós já esperávamos isto. :) Ainda nem um mês passou por isso não estamos ainda preocupados e acreditamos que melhore com o tempo. :)

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  2. Pois, sendo ela pequena torna-se mais difícil... o meu filho comeu na escola nos primeiros três anos (pré, 1º e 2º - este último já intermitente) e, à medida que crescia, começou a saber expressar-se melhor sobre a comida de lá. Eu ia perguntando aos funcionários da escola, claro, mas nada como ouvir dos nossos filhos... e ele nunca se mostrou fã. Segundo percebia, não comia muito. Eu pensava o mesmo que tu, tinha que habituar-se àquilo tudo, aos sabores, apesar de ele já estar habituado a almoçar no infantário. Ao longo do 2º ano, começou a ouvir-se queixas do agrupamento sobre a empresa que fornecia a comida. Como ela chegar a aparecer crua por dentro nos pratos. Uma das mães pediu para ir um dia almoçar na cantina da escola que o meu filho frequenta e não permitiram. Comecei a perder a confiança naquilo e, eventualmente, comecei a ir buscá-lo para comer em casa (porque tinha essa possibilidade). O ano passado já não almoçou lá e este ano também não o vai fazer. Pelo menos em casa, sei o que come. Na primária nunca comi na escola, mas no ciclo e na secundária ainda tentei e não gostei nada daquilo. Também preferia o bar ;)

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    1. Imagino mesmo que dependa da escola. No meu caso não tinha mesmo nada a reclamar, mas já ouvi histórias dessas, de cantinas a servir carne crua, ou até douradinhos com o interior ainda cru. Bllargh. O meu irmão por exemplo nunca gostou da comida das cantinas, as mesmas que eu frequentava, por isso muitas vezes o problema não está (apenas) na comida, mas nos miúdos também. :)
      Vamos ver como corre, para já tenho mesmo de lhe dar tempo para ver se ela começa a comer mais ou se de facto há algum problema com a comida. :)

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