16.9.13

Divirtam-se...na praxe ou fora dela.

Hoje foi o primeiro dia de praxe da minha segunda prima a entrar na Universidade. Não sei como correu. Acredito que tenha corrido bem porque é uma das miúdas com mais energia que eu conheço, sempre feliz com a vida, sempre com vontade de conhecer pessoas (e vai mesmo ter de o fazer porque até agora viveu sempre em Moçambique pelo que amigos em Portugal (ainda) não tem) e super desenrascada. Falei com ela no fim-de-semana e disse-me que estavam apenas programados três dias de praxe, o que lhe parecia bem porque não andava com vontade de ser praxada um ano inteiro. Disse-lhe para se divertir mas avisei-a de algumas coisas:

- A praxe serve para te enturmares, fazeres amizades e conheceres pessoas. Não serve para te magoares ou humilhares, por isso caso alguma coisa destas aconteça, levanta-te e vai-te embora.

- Se não te sentires bem, se não estiveres a gostar da praxe, nada te obriga a lá ficar.

- Não ligues às mentiras inventadas para convencerem os alunos a serem praxados, tais como: depois não poderás usar o traje, depois não poderás fazer parte de não-sei-o-quê, depois não poderás participar em praxes organizadas pelos teus colegas (e é isto que me convence como as praxes por vezes são mesmo muito mal feitas. Se as praxes fossem mesmo vistas como algo giro e divertido, os caloiros correriam para serem praxados, em vez de o fazerem sob ameaça de serem excluídos).

E nesta altura, ela diz-me que a avisaram que se não for praxada, então vai ser posta de parte e que dificilmente fará amigos. Tretas. Disse-lhe a ela e digo a qualquer caloiro que me esteja a ler agora. Tretas. Daqui a uns tempos já ninguém se lembrará se fizeram ou não parte das praxes, por isso descansem. Amigos farão obrigatoriamente porque não é apenas nas praxes que falam com outros caloiros. Há as aulas, há os trabalhos de grupo. Não estar numa praxe não vos marca com uma tinta vermelha e não serão tratados como leprosos. E atenção, eu não sou nada contra a praxe. Eu própria andei nas praxes (um pouco à custa das ameaças de exclusão, admito, e daí o aviso de alguém que entretanto ganhou juízo e outra visão da coisa). O meu ano não foi especialmente bom em praxes (não por serem humilhantes, mas porque foram uma seeeeeeeca), mas ainda assim diverti-me nalguns jogos, e por isso se voltasse atrás gostaria de participar outra vez. Mas também me baldaria a praxes, como fiz, quando achei que nada tinham a ver comigo e que eu sabia que não me ia divertir (rally tascas para alguém que não bebe álcool não me soa a algo espectacular). Tal como me baldei quando fiz anos porque no meu dia de aniversário não estava incluído aturar macacadas ou apanhar seca. E trajei na mesma. E podia ter praxado, se achasse piada praxar os outros. E fiz amigos na praxe e nas aulas. Sendo realista, acho que estar na praxe pode ter ajudado a conhecer mais rapidamente algumas pessoas que ficaram minhas amigas, mas quero acreditar que o conhecimento teria vindo na mesma ao longo do ano (até porque mais tarde fiquei amigas de pessoas a quem não liguei peva na praxe). 

As praxes têm como objectivo divertirem-se, enturmarem-se e conhecerem pessoas. Se não estão a sentir ou a ter nenhuma destas coisas, vão para casa, convidem outros caloiros e vão tomar um café. Será bem mais divertido. :)

20 comentários:

  1. São bons conselhos, Teté :)

    Hoje foi o meu primeiro dia de aulas na Universidade (consegui dizer isto como se fosse a coisa mais banal do mundo? :P ) e até agora diverti-me na praxe e conheci muitos colegas. Mas também acho que vou saltar o rally tascas... ahahah

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  2. Concordo totalmente contigo... No meu 1o ano entrei em Coimbra, era uma miuda e estava finalmente a entrar no mundo dos adultos. Sofri imenso na praxe e nao aguentei 6 meses... Voltei para casa e no ano seguinte la fui eu, mais madura, para Aveiro!
    Por la adorei as praxes e tambem praxei quando chegou a minha altura!
    Infelimente, ha muitas pessoas que veem a praxe como um meio de humilhacao e nao de integracao...

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  3. Infinita,

    A entrada na Universidade é sempre algo importante, e não banal. :) Em princípio estudámos para isso, vamos estudar algo que gostamos, vamos para uma "escola" maior, novos, colegas, novos professores...:)

    Se a praxe estiver bem feita, é normal que te divirtas. Espero que assim continue. :) E boa sorte para esta nova etapa! :)

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  4. Imparfait 2,

    Ora essa. :) Boa sorte e espero que te divirtas. :)

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  5. Alcachofra,

    Eu sou de Coimbra mas, por uma série de razões, optei por não entrar na Universidade em Coimbra. E decidi entrar exactamente....em Aveiro. :)

    A minha praxe foi um pouco seca, mas não posso mesmo dizer que tenha sido humilhante. Mas no ano seguinte por exemplo, as praxes pareceram mais trabalhadas e mais divertidas. Às vezes tem-se azar com o grupo que orienta as praxes naquele ano, ou naquele curso. :)

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  6. Sem duvida... Concordo contigo! Eu tambem era de um curso "pequenino" e penso que isso ajudou! :) Foste caloira em que ano?

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  7. Entrei em Aveiro em 2002. :) E tu? :)

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  8. A questão de não se puder usar o traje nem praxar não é nenhuma mentira. De facto, se não fores praxada não puderás fazer nada dessas coisas. O que também não me parece muito importante... Eu fui praxada, fui eleita o "bicho do ano" e nunca praxei. Não me imagino a gozar com pessoas, a ser autoritária. E o traje, poucas vezes o usei, acho-o incomodo. Mas quanto às amizades tens razão, isso depois constroi-se.
    E as praxes devem servir para aproximar e não envergonhar. Eu tive bons senhores estudantes que sempre nos perguntaram se tinhamos problemas de saúde, alergias, dores... Houve coisas que me recusei a fazer. O importante é sabermos que há quem abuse e que temos a nossa dignidade acima de tudo.

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  9. Entretanto a praxe propriamente dita tornou-se uma valente seca -.-'' estão a separar a parte da praxe da parte mais de integração, não concordo lá muito...

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  10. Raven,

    Quando digo que é mentira, é porque embora possa estar num qualquer código de praxe que se não fores praxado não podes trajar nem praxar, esse mesmo código geralmente inclui coisas como:
    - restrições ao comprimento das saias
    - restrições no que toca ao uso de relógio, brincos ou qualquer acessório
    E depois vês trajes em que as saias mal tapam o rabo, ou estudantes com brincos compridos e 1001 pulseiras, entre outras "regras" quebradas.
    Não faz sentir cumprir umas e não outras, pelo que o cumprimento do código passa simplesmente a não existir, a ser uma mentira.

    E depois, quem é que vai controlar se foste ou não praxado? Se estiveste ou não em todas as praxes?

    Eu também não praxei. Estive presente nalgumas praxes, até que me fartei e não voltei a fazê-lo.

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  11. Os colegas controlam, acredita. Havia 2 raparigas no meu tempo que inventavam doenças e fugiam mas sem nunca quererem afirmar-se anti-praxe por desejo de ostentar o traje. Quando chegou a altura de trajar, os nossos colegas sentiram-se tão injustiçados que mal lhes falavam. Elas sentiram-se tão mal que mal usaram a vestimenta. E eu incluo-me nas pessoas que se sentiram injustiçadas. Não as persegui porque cada um sabe de si, mas se eu passei por 5 semanas incansaveis de praxe (que já não via o fim áquilo!!), porque é que elas tendo fugido e mentido tinham os mesmos direitos que eu? Também não me parece correcto. As regras são claras, queres ou não queres.
    Quanto à ASAE dos trajes também existe, há grupos em cada Universidade com nomes especificos que cuidam disso. Mas se alguém não quiser fazer tudo à risca, a "ASAE" também não pode obrigar nem despir ninguém. Confesso que era dessas! lol
    Essa porcaria de lá porque temos trajes temos de ser todos iguais, sem brincos nem piercings irritava-me! Sou a favor da individualidade e muito brigaram comigo por me recusar a tirar o meu piercing rosa choque no sobrolho!

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  12. Provavelmente depende das universidades. Eu tenho a sensação de as minhas praxes terem durado bem mais que 5 semanas =S, mas também não fui às praxes todas. Não acho de todo correcto impedir alguém de usar o traje da universidade em que anda só porque não se sujeitou a humilhações.
    E depois não percebo realmente esta dualidade: por um lado só traja se tiver sido praxada, mas por outro nem pensar em seguir o código de vestuário porque com isso já não se concorda. :)

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  13. Aí tens razão. Pessoalmente, se praxei ganhei direito ao traje que, como te disse, raramente usei porque nem acho piada. Mas daí a perder a minha individualidade não!
    E quanto a essa coisa de só trajar quem se sujeita a humilhações não é nada assim! Eu nunca fui humilhada. Não gosto muito de praxes porque não tenho paciencia, sempre fui mais séria e sisuda. Mas acho ridiculo aqueles caloiros que aparecem na tv a chorar a dizerem que se tiveram de despir e fazer não sei o quê que é vergonhoso e coiso e tal. Mas não sabem dizer que não? A mim perguntaram-me problemas de saúde, alergias e recusei fazer algumas coisas. Por exemplo, eu nem bebo! Claro que me tentaram embebedar mas se eu dizia que não, nunca ninguém me abriu a boca e emborcou a garrafa. Acho que acima de tudo os caloiros são tontos e vão todos com um medo irracional de pessoas que nunca viram e nem lhes são nada.

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  14. Raven,

    Há praxes que não passam de pura humilhação. Claro que o caloiro pode dizer que não e recusarem-se a ser praxados de tal forma. Mas e neste caso: só porque quem praxe é uma besta, uma pessoa fica sem o direito de trajar?

    A mim não me perguntaram por doenças ou alergias, e daí bem vês como as coisas mudam de universidade em universidade.

    O traje é chamado de traje académico e não traje da praxe. Cada Universidade tem o seu próprio traje. Se um aluno anda nessa Universidade tem todo o direito a trajar. O que acontece se a praxe for proibida nalgumas Universidades? Os seus alunos não trajam. Ligar o traje à praxe é, para mim, uma idiotice e uma forma de obrigar os caloiros a serem praxados.

    Quanto à tontice dos caloiros, penso que os haverá tolos sim, mas também é uma mudança bastante grande e é complicado por vezes perceber exactamente como é que as coisas funcionam, e exactamente contra quê nos devemos rebelar.
    Eu também não me despiria ou embebedaria só porque outros me mandassem fazer tal, mas fiquei feita parva durante horas sentada à seca, e isso era a praxe (uhuh, que divertido). Quem me mandou a mim ser assim tola e não ir logo para casa fazer algo melhor?:)

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  15. Mas é por esses abusos que existe o tribunal de praxe. Tens os tais ASAE que controlam a prática e aos quais podes apresentar queixa.
    Muitas vezes virei eu costas! Sobretudo quando eramos 30 caloiros e eramos sempre os mesmos 6 a serem praxados porque os outros sentiam-se melhor na caminha.
    Mas com isto não penses que sou muito a favor das praxes, acho um exagero de tempo e acho que não estão bem feitas/pensadas. E se fossem abolidas dar-me-ia igual. Mas realmente não entendo o medo inerente às praxes.
    Mas o que me parece grave, isso sim, é colocar as praxes acima dos estudos! Os professores não vêm com bons olhos quem pede dias livres e adiamentos de estagios para poderem fazer a aula de praxe e escolha dos padrinhos. E aqui sim é de uma falta de noção...

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  16. Raven,

    Mas assim não percebo: se viraste as costas a algumas praxes, porque razão tens o mesmo direito de trajar que os teus colegas que sempre fizeram as praxes todas?
    E de que vale uma "asae" do traje se depois há quem, como tu, se recuse a cumprir as normas? :)

    Quanto ao tribunal da praxe, acho bem que seja usado, mas muitas vezes o que é humilhante para mim não é para o colega do lado, e torna-se assim mais difícil dar voz à nossa queixa.

    Eu também não acho que a praxe é essencial e que nunca deveria desaparecer. A mim tanto me faz. Acho é que devia ser uma questão de escolha e independente do traje.

    Quanto à escolha entre a praxe os estudos, lá está, fica à escolha de cada um. Mas se faltas a algumas praxes para poderes assistir às aulas, deixas de poder trajar? É esta injustiça e este código sem sentido que me faz confusão.

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  17. Quando em 30 alunos só 7 são praxados diariamente, sentes revolta e começas a desleixar-te sim. Uma coisa é chateares-te 3 ou 4x em 6 semanas, outra é todos os dias saires da sala de aula a correr para o carro da mãe.
    Como te disse, gostei de ser praxada e ganhei o direiro ao traje. Mas não me identifico com a noção que depois de trajada não posso ter identidade. Mas isso sou eu, vale o que vale, que como também referi, em 4 anos contam-se pelos dedos das mãos a vezes que usei o traje. É tudo tão chato e tonto que uma pessoa perde a vontade.
    Quanto às aulas, na faculdade que frequentei eram o primeiro. Inclusive quem me praxou tinha em atenção só utilizar coisas que sujassem após as aulas para não irmos emporcalhar cadeiras nem cadernos. Mas há sempre abéculas que não têm real noção das coisas. Cheguei a ver malta de enfermagem a tentar adiar estágios!
    Tal como no nosso código de praxe vinha escrito que nada te pode ferir fisica, amocional ou moralmente. Como isto é muito subjectivo, como bem reparaste, faz com que possas jogar com muita coisa. Dou-te um exemplo: tive uma colega vinda de um colegio de freiras, portanto qualquer brincadeira de cariz sexual, imitações de orgasmos e afins eram uma afronta para ela. Quem nos praxou teve imensa atenção a isso. Eu tenho um desvio na rotula, nunca fiquei de joelhos no chão. Na altura tomava ferro para a anemia e eles guardavam-me a medicação e davam-ma a horas. Casos são casos e o meu sempre foi positivo e respeitador.

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  18. Raven,

    Penso que os nossos argumentos se baseiam muito na experiência de cada uma. Eu tenho a sensação de as praxades terem durado demasiado tempo. E sei que há sítios onde os alunos são praxados basicamente durante um ano (e há lá paciência para isso....?).
    Na tua faculdade havia o cuidado com as aulas. No meu caso, eles queriam lá saber se faltávamos às aulas e íamos todos porcos.
    Da mesma forma, na tua faculdade tiveram cuidado com limites morais e físicos. Na minha não me lembro de qualquer pergunta ou cuidado desse tipo. Percebes assim que a visão que temos da praxe tem de ser obrigatoriamente diferente. Se tivesses passado por uma praxe "menos cuidada e atenciosa" como foi a tua, podias entender um pouco melhor eu achar que o traje devia ser independente da praxe. Porque muito que se queira trajar, há praxes que não são fáceis de ir e manter a comparência. :)

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