19.9.13

Feitiozinho difícil, hein?

Há certas coisas que me custa suportar devido à minha personalidade. Um exemplo simples é o facto de gostar de programar tudo a tempo e horas. Sou péssima a fazer planos de última hora, stresso sempre, enervo-me e acabo sempre por achar que se tivesse aquilo planeado com tempo teria sido tudo mais fácil (mas estou a tentar mudar!). Não digo que estando sossegada em casa e se o Jack se lembrar de me propor um cinema, eu vá recusar porque não foi combinado com um dia de antecedência e por isso nem pensar. Mas por exemplo, não sou o tipo de pessoa que receba convidados em casa para jantar sem estar a contar. Não sou o tipo de pessoa que lá se desenrasca e faz um prato maravilhoso assim do nada, e ainda tem a casa toda arrumada, a louça toda lavada e por acaso até tem uma sobremesa prontinha ali à mão. A cunhada do Jack, habituada a receber pessoas em casa, não tem qualquer problema com convidados inesperados e arranja sempre qualquer coisa de bom. Eu, nem quando tenho uma semana para pensar no que vou fazer, posso prometer algo comestível, quanto mais em cima da hora.

Da mesma forma, odeio (mas odeio mesmo) que me metam em planos sem me consultar, que me organizem o dia a seu belo-prazer, que nem me dêem hipótese de escolha. Não raras foram as vezes em que o Jack entrava pela porta e me dizia "Estás pronta? Temos de sair". Hã? Como? Sair como? Para onde? Mas eu estou de pijama e com o cabelo num desalinho. Jantares combinados, saídas combinadas, cinemas combinados entre ele e mais alguém, e eu era assim avisada à última da hora (quando na minha cabeça o meu plano para essa noite podia simplesmente ser um pijama confortável, uma mantinha, umas torradas e a minha série favorita). Ao fim de umas quantas vezes em que eu lá me arranjava, em que acabávamos por sair atrasados e em que eu resmungava o tempo todo com ele com o meu mau feitio habitual nestas ocasiões, o homem lá meteu na cabeça que mais vale avisar com algum tempo de antecedência. Eu sei que não dá sempre, porque este mal já é de família e muitas vezes ele nem tem hipótese de me dizer o que quer que seja, mas quando é possível, ao menos já avisa.

O problema é que se com o Jack as coisas são fáceis de chegar a um entendimento, geralmente com outras pessoas não é. E se soubessem o quanto eu ranjo os dentes quando oiço coisas como "Ai, amanhã não me dá mesmo jeito nenhum ______________ (preencher o espaço com "levar o papagaio à consulta veterinária marcada há meses", "ir entregar estes documentos importantíssimos", ir buscar a tia do meu amigo ao aeroporto" ou algo semelhante), a Teresa é que podia ir!". E eu ali fico, sem querer ser má, sem querer dizer "É que nem pensar" para não passar a imagem de que não me interesso pelo papagaio com a pena fora de sítio, ou pelos papéis que podem vir a salvar uma vida, ou pela tia do amigo que eu nunca vi na vida. E já sei que, a não ser que eu tenha mesmo uma óptima razão válida aos olhos dos outros (tipo uma consulta médica, um funeral, um casamento, e coisas assim não desmarcáveis), lá terei eu de ir. Mesmo que para aquele dia eu tenha planeado fazer outras coisas menos importantes aos olhos dos outros (é que às vezes são mesmo coisas simples como: dormir até mais tarde porque ando estourada, ir ao supermercado porque mais tarde já sei que apanho filas intermináveis, passar a ferro porque a roupa já está a impedir a entrada na lavandaria). Eu não sou o tipo de pessoa que não gosta de ajudar os outros. Gosto e acreditem que não me importo. Mas se me perguntarem. Se me perguntarem se por acaso poderei levar o papagaio à consulta, eu até posso prescindir dos meus planos e perguntar se não querem que leve o hamster também. Mas quando me impõem algo, num tom ou numa situação em que se eu recusar vou parecer a má da fita, toda a bondade e vontade de ajudar que há em mim desaparece num piscar de olhos. E desde que estou desempregada (quase há um ano e meio) estas situações ocorrem infelizmente demasiadas vezes. Afinal de contas, o que posso eu ter planeado fazer se estou desempregada?

3 comentários:

  1. Eu tambem gosto de ser avisada e de avisar. E tenho um namorado que de um dia para o outro (depois de muita insistência) é que me diz os planos que me incluem. Pior do que isso é quando eu o incluo nos meus planos (Tipo o meu jantar de anos de sábado que já está marcado desde o inicio do mês) e ter que insistir com ele para avisar no trabalho que não pode fazer o turno da noite. [Até hoje ainda não avisou] Enfim... Acho que isso é coisa de homens mesmo :S

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  2. Inês F,

    Ahahaha, também sofro desse mal. Andava há semanas a insistir com o Jack para saber se podia tirar uns dias e ir comigo a Portugal em Outubro, ou não. Queria começar a comparar preços de avião, comprar com antecedência para serem mais baratos. Ui, mas por ele, três dias antes da viagem ainda seria boa altura para perguntar se podia ter uns dias de folga e comprar os bilhetes. :)

    Mas olha que infelizmente isto não é só coisas de homem. :) Conheço muitas mulheres assim também. :)

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