18.4.14

Ninguém?

Quem quer uns vizinhos para a troca? É que eu nem vendo os meus, eu dou-os! Ofereço-os! E ainda lhes coloco um laço na cabeça para ficarem com um aspecto de embrulho. A minha consciência obriga-me é a avisar-vos que são as pessoas mais burrinhas, com ares de superior e sem respeito nenhum pelos outros que há à face de Terra. Digamos que não estão prontos para viver em sociedade, mas enfim, isso são pormenores, certo? É que a cavalo dado não se olha o dente.
Hoje conseguiram a verdadeira proeza de me porem a falar francês comigo ainda praticamente de olhos fechados de sono. Tudo graças a um estúpido carro/mota/skate que os queridos filhinhos fazem questão de andar por casa. Sendo as rodas de plástico, a rolar sobre mosaico, a barulheira é imensa e a sensação é que está um avião a levantar voo dentro de casa não permite trabalhar, nem falar ao telefone, nem ver televisão ou dormir. Eu que passo os dias em casa é que levo com isto a maior parte das vezes e por isso supliquei ao Jack que fosse falar com os vizinhos para lhes explicar a situação. Depois de muitas súplicas, lá foi ele. Achei eu que o problema estava resolvido: errado. Estiveram para aí uma semana sem fazer esse barulho (estou a tentar ignorar todos os outros) e depois voltaram ao mesmo. Não me interpretem mal: eu sei que havendo criancinhas num apartamento, é normal que se oiçam barulhos. Oiço as brincadeiras, os choros, as birras, os gritos, as gargalhadas, mas também acho que há um limite e quando me vejo obrigada a desligar o telefone porque não oiço nada, o limite para mim foi atingido. E hoje, mais uma vez ao longo de muitos meses, acordei com o raio do avião a levantar voo no corredor de casa e nem pensei um segundo. Vesti a primeira coisa que vi, subi as escadas a confirmar que não tinha vestido a camisola ao contrário e bati à porta a pensar que se calhar tinha sido boa ideia olhar para o espelho e ver se não estava com remelas e qual o estado do cabelo. Nada. Só continuava a ouvir os miúdos. Bati novamente (com força e insistentemente). Nada. Esperei. Nada. Bati novamente. Percebi que a barulheira era tanta que nem me ouviam bater à porta. Acho que estive sem exagerar 10 minutos à porta dos vizinhos a bater à porta já com o punho fechado para se ouvir bem. Nada. Até que um dos miúdos ouviu e chamou pela mãe. E assim me apareceu ela de camisa de dormir vermelha com renda preta (acalmem-se os homens que ela não é nenhuma estampa nem de cara nem de corpo) a perguntar o que queria eu. E eu ainda com voz rouca de sono expliquei que aquela brincadeira é demais, que é impossível viver assim com aquele barulho, que não dá para fazer nada pois não se ouve nada e que agradecia que parassem. E ela olhou para mim como se eu tivesse acabado de lhe dizer "Importa-se de cortar as unhas com menos barulho? É que o barulho é imenso!", murmurou um "está bem" incrédulo e fechou a porta sem sequer pedir desculpa. Eu ainda suspeitaria que o meu francês matinal a poderia ter levado a não compreender (sei que disse erros pois nem preparei o discurso) mas aposto mais numa grande falta de respeito e numa completa ausência de conhecimento de que não estão sozinhos no mundo. Ao menos, pararam com a brincadeira e estão apenas a lançar coisas ao chão com toda a força. Ninguém os quer mesmo? Dou um chocolate como brinde extra.

2 comentários:

  1. Como te compreendo!

    Durante muitos anos a janela do meu quarto tinha acesso à varanda das criaturas que vivem ao meu lado. As criaturas deixam os cães aí e como dormem do outro lado da casa, os latidos dos animais possuídos pelo diabo não os incomodavam/incomodam. Tantos anos de conflito com aquela gente por causa dos cães; por causa da MINHA janela que aparentemente eu não podia abrir a meu belo prazer; por serem intrometidos; por serem pessoas horríveis e falsas; por o meu feitio não ser conformista e não me calar quando eles queriam (ou querem) apoderar-se de tudo quanto é espaço aqui na zona.

    Ai como o sangue fervia! Mudei de quarto e a minha vida passou a ser mais zen (bem sei que não o podes fazer...), mas a vozinha irritante da criatura feminina ainda me irrita de vez em quando!

    Boa sorte!!

    http://historiasdeariadne.blogspot.pt/

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  2. Ter maus vizinhos afecta a qualidade de vida, isso é um facto. E há pessoas que não sabem viver em sociedade, isto é outro facto também. Cabe-nos nós infelizmente alterarmos as nossas coisas e as nossas vidas para não permitir que os outros não nos incomodem tanto. Por aqui, andamos com ideias de mudar de casa (ideia já existente antes dos vizinhos chegarem e que ganhou mais força entretanto). A ver se isso acontece durante o próximo ano. Até lá, é ir respirando fundo...

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Digam-me coisas. :)