9.9.14

E agora?

Hoje cheguei a casa ao mesmo tempo que a vizinha do prédio em frente. Cumprimentei-a como faço sempre e preparava-me para entrar em casa quando a vejo a dirigir-se a mim. Dando-se esta vizinha com uma outra que notoriamente pouco simpatiza comigo e com o Jack, achei que vinha dali alguma queixa ou acusação. Afinal, o discurso foi outro: uma vez que me vê sempre sozinha, vinha convidar-me para quando me apetecer lhe tocar à campainha e tomar um café com ela, uma vez que a senhora também passa os dias sozinha em casa. Sorrindo, declinei o convite dizendo que hoje não era um bom dia (não é mesmo). Ao que a senhora reforça o convite e despede-se dizendo "Então fica prometido!".

Aaaaa...Não, não prometi nada. Já aqui o disse algumas vezes: não deve haver pessoa mais anti-social com os vizinhos do que eu. Não gosto, pronto. Uma pessoa dá o dedo e os vizinhos apanham logo o braço todo, e de repente já estão aqui enfiados em casa, pedem-nos coisas emprestadas, abusam do nosso tempo e boa-vontade. E há como fugir. Não sou antipática e sou até bastante prestável quando um vizinho me bate à porta e pede ajuda. Mas ficamo-nos por aí e não há cá amizades e cafézinhos para ninguém. É que depois as coisas correm mal, começamos a não aguentar ver a cara uns dos outros e, olha que chatice, somos vizinhos e cruzamo-nos diariamente! 

E agora, o que faço? Esta senhora tem idade para ser minha mãe (e eu não sou assim tão boa em conversas de circunstância), esta coisa de passar os dias sozinha espanta-me porque vejo um constante corrupio de gente a entrar e sair daquela casa, e já me estou mesmo a ver enfiada na sala a tomar chá e a chegarem dez pessoas todas a falarem árabe e eu enfiada ali no meio. Pior que as pessoas a falarem uma língua desconhecida, corro o risco de, em aceitando, cruzar-me (ou abrir um precedente a que isso aconteça) com a vizinha que não me suporta porque nem eu nem o Jack lhe matamos a curiosidade sobre a nossa vida nem acatámos os "conselhos" que nos deu quando aqui chegámos. E depois estou aqui cm a pulga atrás da orelha se não é por isto mesmo que surge o convite, de forma a saber um pouco mais de nós e a poder partilhar com a outra, uma vez que não há dia que não veja as duas juntas.

O meu lado anti-social e zeloso da minha privacidade grita-me "Maria Tété, não te atrevas a tocar àquela campainha! Dois segundos depois estarás encolhida num sofá a pensar que foi o maior erro da tua vida!".
O meu lado educado (culpa dos meus pais, obviamente, que me podiam ter educado a ser uma criancinha de poucas maneiras) diz-me que tenho de ir porque pelos vistos, algures entre o meu agradecimento pelo convite e a recusa do mesmo, "prometi" que ia.

Perguntar ao Jack a opinião dele não me vale de nada, porque não sendo ele o visado, já sei que só não estou já enfiada em casa da vizinha porque tenho realmente mau-feitio e coitadinhos-dos-vizinhos-que-são-tão-boas-pessoas-e-tu-estás-sempre-de-pé-atrás.


Desculpe entrar assim em sua casa, vizinho, mas ouvi-o a abrir o frigorífico....



5 comentários:

  1. Hum e porque não tomas um apenas para curiosidade?
    E assim já vias ser para mater a curiosidade delas ou por pura simpatia !
    E não tens de ir outra vez...

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  2. Compreendo-te e é uma situação caricata, mas Teté se fosse a ti aceitava e ia lá nem que fosse para essa vizinha ficar com a melhor impressão tua (visto que a amiguinha não o tem) :)
    Fazes boa figura e ainda ficas a ganhar :)

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  3. Muda para uma casinha assim: http://travellingboard.net/wp-content/uploads/2008/11/house.jpg

    Sempre evitas vizinhos :P

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  4. Lol, a minha questão é que eu nem sequer me importo com aquilo que os vizinhos pensam de mim. Não me importo mesmo que me achem anti-social. :P

    Mas verdade seja dita era precisa muita lata para agora me cruzar com ela todos os dias e fingir que esqueci o convite.

    Oh, céus, lá terei de ir, não é?

    Renato, numa casa dessas ia enjoar. :P

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  5. Quando vivi com umas amigas na nossa casa de estudante, no prédio só moravam senhoras de idade (podiam ser nossas avós). Todas elas uns amores, cheias de conselhos, "se precisarem de alguma coisa não hesitem em bater à porta" e mimimi. Nós nunca demos grande confiança, mas a partir do momento em que lhes sorrimos um bocadinho mais, era vê-las baterem à porta para um dedo de conversa. Conversas sobre as anteriores inquilinas (que eram umas porcas, umas antipáticas, metiam rapazes lá dentro) ou sobre a senhoria (uma aldrabona, mentirosa, só quer apanhar o dinheiro das meninas e nunca cá aparece quando é preciso - confere!). Nós é que eramos uns amores, que gosto que tinham em ter-nos lá. 2 anos de simpatias...até às semanas anteriores a vir-nos embora. Até insultos rulou entre a da frente e a minha amiga. Um cenário triste mesmo. Aposto que hoje em dia somos nós as porcas, que metemos rapazes lá em casa, uns terrores.

    Enfim, é melhor mesmo é não confiar. Cada um na sua vida, "bom dia" e "boa tarde" e chega. Nada paga o sossego do nosso lar.

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Digam-me coisas. :)