8.8.15

Amamentação

Este é um daqueles pontos em que há opiniões tão divergentes e opostas (para não dizer extremistas) que até assusta. Há as que defendem a amamentação com unhas e dentes, que se orgulham em dizer que deram de mamar durante 32 meses, 5 dias e 4 horas, que quem não amamenta é má mãe e que há que fazer o esforço mesmo que chorem lágrimas de sangue devido às dores. Depois há as que nem pensam nisso, não querem amamentar, que seca e que trabalheira, venha o biberão, que assim partilham a tarefa com o marido, que o leite de lata é tão bom como o de mama, que até enche mais a barriga aos bebés e que eles assim dormem noites completas mais facilmente, que não se sentem umas vacas leiteiras, que não estragam o corpinho, etc, etc. Depois há obviamente quem não se enquadre nem num extremo nem no outro, que tem a sua opinião mas que acha que não vale a pena arrancar olhos por causa disso.

Eu pertenço ao grupo das que acham que muita gente gosta de expressar a sua opinião só para ver a discussão começar, que acusam as que pensam de forma diferente de serem extremistas sem se aperceberem que as suas atitudes são também de extremo (mesmo que oposto) e que na verdade é um assunto que toda a gente discute para nada. Sinceramente, quero lá saber o que fazem as outras mães. O corpo é delas, os filhos são delas, a decisão é delas. Da mesma forma que com o meu corpo, os meus filhos e as minhas decisões posso eu bem.

Eu nunca tive o desejo doido de amamentar e não é por estar grávida que ele apareceu. Não tenho nada contra a amamentação, sei todas as vantagens e benefícios em dar de mamar, quero fazê-lo mas não pertenço ao grupo que acha que a imagem de uma mulher a dar de mamar a um bebé é a coisa mais linda do mundo. Provoca-me no fundo o mesmo sentimento de indiferença que tenho quando vejo um bebé a ser alimentado pelo biberão. Isto para o Jack é confuso e acho que demorou um bocadinho a aceitar quando lhe disse pela primeira vez que quando um dia tivéssemos filhos eu amamentaria se possível mas que se a coisa não resultasse, eu nem pensaria duas vezes antes de optar pelo leite de lata. Agora entende o meu ponto de vista e no fundo este é muito simples: estou plenamente convencida que uma mãe feliz ajuda um bebé a ser feliz também. E também que não nasci para sofrer. Por isso, se conseguir amamentar, óptimo e ficarei muito feliz. Mas não me peçam para ser daquelas mães que até têm de morder toalhas para suportar as dores enquanto amamentam, que choram cada vez que chega a hora de dar de mamar tal é o sacrifício, que deitam mais sangue que leite, que ficam em carne viva. Lamento, nem sequer tenho estômago para isto e já me sinto aqui meio enjoada só de estar a pensar em certos relatos que li. Se cada vez que tiver de alimentar a minha filha tiver uma crise de nervos, ansiedade e lágrimas vou-me sentir pior mãe do que se lhe der um biberão de forma calma e relaxada. Ainda assim, farto-me de pesquisar para não ser por falta de informação que as coisas não vão correr bem porque eu gostava mesmo que corressem. Só não morrerei se não correrem.

Depois há a questão de sempre me ter feito confusão a questão do amamentar com público embora nisto esteja curiosa para ver se depois não é daqueles pensamentos que mudam após o parto. Vejo-me perfeitamente a amamentar a minha bebé, em casa, sossegada, com o Jack presente e...mais ninguém. Mas de uma certa forma isto parece-me pouco prático principalmente se tivermos em conta que receberemos visitas e que não conto estar fechada em casa durante meses e meses. Para o Jack isto é um quebra-cabeças que ele não compreende pois não entende o problema de amamentar perante a família ou mesmo estranhos num restaurante. E eu digo-lhe que se em dez anos nunca me senti confortável para sacar de um peito para fora da camisa à frente do meu sogro, não estou a ver porque é que isso há-de mudar só porque dei à luz. E quem diz o meu sogro, diz a minha sogra, o meu cunhado, a minha cunhada, o meu pai, a minha mãe, o meu irmão, os meus sobrinhos, os meus tios, os meus avós, enfim, as famílias de ambos os lados. Se não há o hábito de andar com o peito à mostra porque razão terei de encarar fazê-lo como uma coisa normal e sentir-me confortável com isso? Acho que mais facilmente pedirei licença e me refugiarei no quarto, lançando um olhar assassino a quem pensar seguir-me (mas e na maternidade? Peço às visitas para irem embora? Escondo-me na casa-de-banho?). Ou posso sempre recorrer à bela da fraldinha a tapar, mesmo se acho que acaba sempre por se ver qualquer coisa. Continuo a achar tudo isto muito pouco prático e não faço ideia de como me desenvencilharei. Posso sempre convencer-me que no parto farei uma lavagem cerebral e renascerá uma mulher sem todas estas questões, e que será tudo super fácil e confortável. E depois lixo-me quando descobrir que não.

5 comentários:

  1. Olá Tété, ha muito tempo que leio o teu blog mas esta é a primeira vez que comento. talvez por eu ter blog wordpress e comentar no blogspot exige um bocadinho mais de esforço.

    Desta vez não resisti. Porque me reconheci nos teus receios quando estava grávida - há mais de dez anos atrás. A parte do meu corpo que me suscitava mais preocupação durante a gravidez era o peito - tinha receio que mudasse com a amamentação. Eu também ouvia essas estórias de mães que sofriam, etc... Experimentei e confesso que é das memórias mais bonitas que tenho quando a Beatriz era bébé. Se souberes posicionar o bébé no peito e respeitares - ao segundo - os 15 minutos de cada mama (desculpa o termo) não terás problemas. As enfermeiras na maternidade explicaram-me tudo. Inclusivamente o b-pantene e colocar toalhas de água quente no peito durante a amamentação para que o bébé não tenha de fazer tanto esforço.
    A vida dá muitas voltas e na verdade o pai da minha filha voltou a casar e a sua actual esposa está prestes a ter uma bébé. É uma pessoa que aprecio e passou a fazer parte da família. Posso dizer que somos amigas - isto de ser amiga da mulher do ex tem que se lhe diga! No outro dia ela partilhava comigo os mesmos receios que tu. Eu disse-lhe que a amamentação tem de ser um prazer. Se não for o bébé vai sentir, vai chorar, engolir mais ar do que leite e depois tem cólicas. Para isso é melhor tirar com a bomba e dar em biberão ou usar leite artificial. Uma coisa te posso dizer. No meu caso, doeu muito mais a subida do leite ou ter peito cheio do que amamentar :)!
    Beijinhos e boa continuação :)!

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  2. Anónima das 20:42

    Obrigada pelo comentário. :) Eu não tenho feitio para sofrer, é isto. Sou uma mariquinhas assumida. =P E quero dar de mamar pois da mesma forma que surgem muitos relatos de amamentações difíceis, também leio bastantes testemunhos de quem a tudo correu bem, como é o seu caso. :) E leio muito para saber todas as dicas possíveis (a posição do bebé, água quente no peito, cremes para os mamilos, não deixar passar horas ao peito, etc) para poder controlar o máximo possível. Mas exactamente por concordar consigo (quando diz que se a amamentação não for um prazer o bebé sente) é que sei que não insistirei se vir que realmente as coisas não se estão a passar bem por algum motivo.

    E embora pelos vistos seja complicado comentar aqui, posso abusar e fazer-lhe algumas perguntas? :)
    - Como fazia para amamentar com público? :) Ou não era coisa que a incomodasse?
    - A temida subida do leite (já disse que sou mariquinhas, certo?): recomenda algum truque para não ser tão mau?
    - E o que fazia quando tinha o peito cheio? Tirava com a boma ou esperava para dar de mamar à Beatriz?

    Desculpe o abuso e já agora aproveito para dizer que é preciso ter a cabeça muito bem resolvida para ser amiga da mulher do ex. =S Estou para aqui a olhar para o Jack e a única coisa que consigo pensar é que, caso nos separássemos, qualquer futura mulher que ele tivesse seria vítima de uma série de pragas da minha parte, no mínimo! :D Gostaria de ser assim racional como a Anónima mas acho que neste caso não conseguiria. :)

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  3. Olá Teté Maria :)
    Ando sem tempo mas se há uma blogger que sinto como "das minhas" és tu e não resisti em vir aqui a correr.
    Fui adotada com um mês de idade pela minha mãe adotiva, mas sempre vivi com ela e a minha tia, elas as duas é que me criaram, sustentaram e sustentam... Desde sempre que as vejo às duas como as minhas mães, daí que refira as minhas à minha mãe como "as mães" porque considero que tenho duas :)
    São as minhas mães porque é graças a elas que sou o que sou e estou onde estou :)

    De pai, nunca falei... Nunca mencionei porque não tenho. O marido da minha mãe morreu em Fevereiro de 1991 e eu fiquei com a minha mães em Outubro de 1991. Nunca o conheci. Tanto que no meu cartão de cidadão aparece que sou filha de "NOME DA MINHA MÃE" e de "X", aparece mesmo um X no nome do pai :)

    UM BEIJINHO GIGANTE e a ver se arranjo um tempinho para vir cá ler e comentar.

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  4. Minnie Me

    Obrigada pela explicação. Andava para aqui com esta dúvida mas também tinha noção que não eras obrigada a esclarecer nada. :) Afinal, não estava assim tão enganada: a tua mãe vive mesmo em França com uma tia tua. :)
    Vá, goza as férias e aproveita o bom tempo já que gostas tanto do Verão. :)

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    1. Se fosse um leitor desconhecido a perguntar me talvez não tivesse esclarecido, mas é como te disse: és uma leitora assídua e que eu sigo :)

      Um beijinhooooooooooo

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