Ao longo da vida cruzamo-nos com imensas situações em que vemos pais a lidar com os seus rebentos e pensamos "Que horror, nunca farei aquilo!!" e não são menos as vezes em que ouvimos "Eu também pensava assim, mas depois fui mãe/pai e mudei. Vocês vão ver...". Já por aqui disse várias vezes que considero que eu e o Jack somos pessoas minimamente relaxadas em relação à Mini-Tété (ajuda também ela ser uma bebé fácil, embora eu ache que nestas situações existe um pouco de ciclo vicioso: pais relaxados não stressam o bebé, um bebé calmo não stressa os pais), havendo contudo situações em que somos um bocado inflexíveis. Na última semana dei por mim a pensar neste tipo de situações e se de facto alguma coisa em mim teria mudado depois de ter a Mini-Tété ou se me mantive fiel às minhas próprias ideias pré-Mini-Tété.
- Esterilização: a Mini-Tété foi alimentada a leite artificial desde cedo e eu fiz questão de ter um esterilizador de biberões, onde também esterilizo as chupetas. Ainda assim e conforme sempre quisemos, a Mini-Tété não vive numa bolha estéril. Lembro-me sempre dos meus pais contarem que até tarde se preocuparam com a esterilização dos biberões do meu irmão, até ao dia em que o encontraram a lamber a sola dos meus sapatos. A Mini-Tété lambe desde cedo as mãos, lambe os bonecos, os braços do médico, lambe tudo o que apanha e onde as mãos tocaram. Obviamente não a deixamos lamber a sola dos sapatos, mas não andamos a limpar tudo com álcool nem a lavar-lhe as mãos 300 vezes ao dia, como sei que fazem alguns pais.
- Chupetas no chão: admito que aqui a minha veia de nojentinha vem ao de cima e sou absolutamente incapaz de apanhar uma chupeta que caiu ao chão, metê-la na minha boca e depois dar à bebé, como vejo muitas mães fazer. Em primeiro porque nem sequer percebo muito bem a lógica da situação pois uma coisa que caiu ao chão não fica desinfectada nem limpa por ter estado na boca da mãe, e depois porque sou efectivamente uma nojentinha e não vou colocar na minha boca um objecto babado que caiu ao chão e ao qual se agarrou pó, cabelos, pêlo e mais uma série de porcarias. Este era um daqueles pontos que eu pensava "será que quando um dia for mãe, a nojice me passará e eu farei aquilo?". Mas não, continuo igual. Uma nojentinha do pior.
- Televisão: por opção nossa, a Mini-Tété não verá televisão pelo menos no seu primeiro ano de vida. Não achamos que a televisão seja um bicho-papão que vai lavar o cérebro da criancinha e penso que tudo depende do uso que lhe é dado. Mas como não vemos qualquer vantagem em pôr a Mini-Tété a ver televisão com meses de vida (muito pelo contrário, só lemos recomendações no sentido oposto), optámos por adiar. Claro que não somos radicais e quando em casa de alguém a Mini-Tété se fixa na televisão não desatamos a gritar nem a benzer a menina. Ainda hoje viu 10 minutos de Forrest Gump ao colo da avó e não houve stress.
- Tecnologia à refeição: lembro-me de ainda nem estar grávida e uma amiga ter comentado "Antes dizia que nem pensar em deixar um filho meu comer a ver televisão, mas agora...se não for assim, ele não come!". E é verdade que se vê cada vez mais nos restaurantes as crianças com um telemóvel ou um tablet à frente, distraídas enquanto comem, o que me leva sempre a perguntar como faziam os nossos pais. Não digo que nunca o farei até porque a Mini-Tété só começou a comer sopa há uma semana e portanto ainda não tenho grande experiência nisto de alimentar um ser pequenino e birrento. Mas vou tentar que realmente não seja necessário até porque temos a regra de "nada de telemóvel às refeições" para os adultos cá de casa e parece-me um contra-censo uma criança ter mais direitos que os pais no que toca às tecnologias.
- Açúcar: combinámos os dois que neste primeiro ano de vida da Mini-Tété não haverá da nossa parte a oferta de bolos, refrigerantes, chocolates, e outros alimentos açucarados desnecessários. Por muito que compreendamos que haja pais que acham piada dar a experimentar tudo aquilo que comem, não achamos que haja algum benefício em dar este tipo de alimentos a uma bebé tão pequenina que ainda tem tantos sabores para explorar e coisas bem mais saudáveis. Mas somos realistas e se há sempre quem dê comida a um cão mesmo quando os donos pedem que não o façam, então no que toca a bebés o impulso é ainda maior. Parece que é irresistível fazer um bebé provar chocolate, dar-lhe chupa-chupas, oferecer-lhe uma guloseima. Não conseguiremos controlar tudo nem poderemos educar toda a gente a fazer o que pretendemos, mas pelo menos, faremos o esforço quando estamos presentes e atentos (mesmo que tantos achem que estamos a ser radicais).
- Tempo sem os pais: a Mini-Tété tinha um mês de vida e, por força das circunstâncias e compromissos que tínhamos e para os quais não a queríamos levar, ela ficou com os avós. E continua a ficar. Com os avós, com os tios, com os primos. Admito que cada vez mais me custa deixá-la ficar, não porque estou cada vez mais apegada a ela (porque estou mas também me sabe bem ter tempo para mim), mas sim porque acho que é mais fácil tomar conta de um recém-nascido, porque quanto mais ela se mexe, mais eu tenho medo de acidentes na minha ausência, porque tenho medo que ela sinta a minha falta, entre uma série de outras razões. Mas achamos importante que ela crie laços com outros membros da família, que se sinta à-vontade com eles, que também eles aprendam a lidar com ela. Não me custa nada compreender as mães que optam por nunca deixar os seus rebentos nem cinco minutos com alguém, mas racionalmente penso que esta nossa decisão tem também benefícios.
- Rotinas: por acaso, sempre achei que desde cedo se iam criar rotinas para a pequenina, mas acho que aqui não tínhamos bem noção do comportamento de um recém-nascido e de um bebé. Por outro lado, quisemos relaxar e não estar super-preocupados em criar rotinas quando ainda estávamos a aprender a lidar com ela e connosco enquanto pais. Agora aos 5 meses, a rotina de sono já está feita e vai para a cama à mesma hora todos os dias. Falta a rotina das refeições, uma vez que ainda é "quando ela tem fome, diz". Sei que aos 5 meses, já há muitas mães que acham tarde para estabelecer rotinas, que muitas começaram bastante mais cedo, e eu própria pensava que ia ser assim, e se calhar até teria sido bom começar mesmo mais cedo, mas acabámos por adiar.
No fundo, mantemo-nos bastante fiéis a nós mesmos e às ideias que tínhamos antes de engravidar e durante a gravidez. Claro que a Mini-Tété tem apenas 5 meses e temos toda uma vida para ver as nossas ideias irem por água abaixo, mas por enquanto somos este tipo de pais.
Só posso falar da experiência com os meus sobrinhos.
ResponderEliminarA minha irmã também era daquelas pessoas super hiper mega moralistas no que diz respeito a tecnologias e bebés, mas depois tb se tornou daquelas pessoas que, devido ao facto de estar muito ocupada, deixa o meu sobrinho mais velho estar no tablet, porque assim fica sossegado no sofá enquanto ela tenta trabalhar e/ou cuidar do sobrinho mais novo.
Como a tv está sempre ligada na sala, o mais novo também acaba por apanhar alguma televisão.
Rotinas, a minha irmã também fez por criar desde cedo.
Tempo sem os pais, os meus sobrinhos também ficaram desde cedo; lembro-me da primeira vez que fiquei sozinha com o meu sobrinho mais velho, por apenas uma hora. Ele estava a dormir, mas eu estava em pânico que ele acordasse, se mexesse e precisasse de alguma coisa; nada disso, dormiu o tempo inteiro. A minha irmã sempre tentou deixá-los com as avós para eles terem algum tempo para eles próprios ou para resolverem assuntos pendentes. E as avós adooooooram!! :D
Ariadne
ResponderEliminarEu acho que todos os dias penso "Se eu pusesse a Mini-Tété em frente à televisão só um bocadinho, era capaz de conseguir tratar disto mais depressa, ir tomar banho ou almoçar". A tentação é grande até porque ter um bebé dá efectivamente trabalho e eu continuo a achar que aquilo que mais me custa é não poder fazer nada exactamente quando quero e demorar o tempo que quero. Se conseguirmos que não aceda a tecnologias cá em casa durante o primeiro ano, já fico satisfeita. Depois disso, ponderarei deixar de forma controlada.
Claro que por enquanto é fácil porque mesmo que ligue a televisão, basta sentá-la de costas que ela não vê. :P Mas quando se começar a mexer mais, o desafio será maior. :)
Sim, a família do Daniel quase anda à batatada para ver quem fica com a Mini-Tété e isso também é bom para nós, porque sabemos que gostam dela e cuidam dela, e podemos ir tratar das nossas coisas ou simplesmente namorar. :)