11.1.17

Obrigadinha, Karma!

Na viagem para Portugal, sentou-se à nossa frente um casal de meia-idade. Já na manga para o avião, enquanto tirávamos a Mini-Tété adormecida no carrinho eu tinha ouvido o homem a reclamar que era inadmissível estar assim à espera para embarcar, que raio de companhia era a TAP, que era uma falta de respeito. O rol de queixas continuou durante todo o voo, ou seja, durante duas horas e meia. Então quando a pessoa à frente da senhora se lembrou de reclinar a cadeira para poder dormir, parecia que alguém lhes tinha mandado o prato de sopa para cima. É verdade que os lugares de avião não primam por serem espaçosos e que quando a pessoa à nossa frente reclina a cadeira, o espaço fica ainda mais reduzido. A mim deixam-me fula aquelas pessoas que simplesmente reclinam sem sequer se darem ao trabalho de ver se por acaso temos o tabuleiro aberto, se não estamos agachadas a tirar qualquer coisa da carteira, ou no mínimo, sem reclinar devagar de forma a que a pessoa atrás perceba o gesto e se prepare. Mas este casal fazia questão que todo o avião ouvisse a sua indignação e para além de terem dito à pessoa que se queria dormir mais valia ter ficado em casa, que os aviões servem para viajar e não para dormir, que para isso comprasse bilhetes de primeira classe onde o espaço é maior, entre tantas outras coisas dita, ficámos ainda com a triste impressão que havia ali também um traço de racismo visto a visada ser uma senhora negra. E o casal continuava furibundo, ele a falar bem alto, ela irritada porque queria ler e quase não tinha espaço para o livro. E insistia em alto e bom som que também ela poderia inclinar a cadeira mas era demasiado bem-educada para o fazer, porque bastava carregar naquela botão e ganhava logo espaço, etc, etc. E nós atentos a tudo isto pois atrás da senhora viajava o Jack, com a Mini-Tété ao colo, e seria absolutamente impossível a senhora reclinar o banco e este não bater na Mini-Tété. Felizmente ela não o fez mas as queixas mantiveram-se ao ponto de chamarem membros da tripulação para estes convencessem a senhora da frente a não reclinar o banco ou, como alternativa, mudá-los para a primeira classe. A tripulação obviamente não lhes fez as vontades e a viagem assim continuou, chegando nós ao destino já sem os conseguir ouvir.

Mas o karma tem um sentido de humor negro e na viagem de regresso a França, quem é que se sentou na nossa fila, do outro lado do corredor, quem foi? A senhora do casal. Ainda não tínhamos levantado voo e as queixas já se faziam ouvir. A cadeira da senhora estava avariada e permanecia na posição reclinada (ironia do destino), não podendo assim ser usada para a descolagem e aterragem. A tripulação (chegaram a estar 3 membros a falar ao mesmo tempo com ela) pedia-lhe então que se mudasse para a cadeira do lado que estava vazia e o diálogo era mais ou menos este:
- Não mudo porque esse lugar é do meu marido.
- Mas onde está o seu marido?
- Não embarcou porque teve uns contratempos.
- Nesse caso, o lugar está vago e a senhora pode sentar-se nele.
- Não, porque é o lugar do meu marido.

E por muito que lhe explicassem que o avião não podia descolar com ela ali (e todos nós com vontade de lhe dar um berro para que se mudasse para finalmente partirmos), a senhora continua irredutível. A situação lá se resolveu mas poupo-vos a todos os detalhes, dizendo apenas que durante mais 2h30 ninguém calou aquela mulher.
Oh, vida, que foi preciso ter sorte.

4 comentários:

  1. Não suporto gente que está de mal com a vida e adora infernizar os outros.

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  2. Por mim até podem estar de mal com a vida à vontade desde que não abram a boca nem estraguem a vida aos outros. :P Até eu tenho noção que quando estou de pior humor o melhor é estar mais no meu canto nesse dia para não andar a descarregar nos outros.

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  3. Tiveste azar :p Apanhei um voo do Porto a Lisboa com 5h de atraso (5h! de carro estava lá em 3h, ou em 2h que sou de Coimbra...) e surpreendi-me das reclamações serem tão discretas :p
    (mas, desculpa lá, por estas e por outras TAP é para evitar mesmo :) )

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  4. Eu vou com as aves

    Ora então és da minha cidade! :) Neste caso, a TAP não teve culpa. Podia ter apanhado este tipo de pessoas em qualquer companhia. Da TAP queixo-me sobretudo por causa das greves que já me deram alguns cabelos brancos. De resto, nunca fui muito afectada por atrasos (pelo menos, nunca senti que a TAP se atrasasse mais de outras companhias nas quais voei), nunca apanhei um atraso desses de 5h, por exemplo, e a verdade é a TAP teve durante muito tempo melhores horários e a facilidade de o bilhete incluir sempre uma mala de porão (que já não é o caso). De qualquer forma quano viajo, comparo sempre preços e horários em várias companhias e quando escolho a TAP não é por amor à camisola mas sim por ser a que apresenta melhores condições naquele momento. :)

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Digam-me coisas. :)