1.11.18

Casamentos e divórcios #2

No seguimento do post anterior, eis outra coisa que não consigo compreender: o programa "Casados à primeira vista". Eu entendo o que é achar que não se encontra a pessoa certa, o que é sentir que se escolhe sempre a pessoa errada (e há de facto pessoas que não sabem escolher com quem estão, isso é verdade), o que é achar que começam a faltar alternativas para conhecer pessoas novas (às vezes nem é preciso, no meu caso foi um amor de infância emigrado que decidiu dar notícias 8 anos depois), o que é ver a idade a avançar e o desejo de ter uma família a pesar cada vez mais (então sobre as mulheres, é um peso imenso), entendo o recurso a aplicações como o tinder ou sites de encontros, eu entendo tudo isto...agora casar com um desconhecido? Pronto, sou demasiado velha para estas modernices, é a única conclusão a tirar.

Ou então, dou realmente mais importância ao casamento do que estas pessoas, que vêem nisto uma experiência de vida, um teste a ver se dá certo, com recurso fácil a divórcio se não resultar. Para mim, seria impensável casar com alguém sabendo que um de nós poderia querer o divórcio no dia seguinte. Pior, convidar toda a família e amigos para celebrar aquele "amor", ui, a vergonha. Que peça de teatro para algo tão importante. E se depois não resultasse (oh, que surpresa, francamente!), que humilhação seria...Porque os casamentos não incluem apenas os noivos, há toda uma família por trás, com sentimentos, que vive este dia, para quem este dia é importante, tem valor...Quão horrível seria obrigá-los a ficarem felizes por eu me casar para depois lhe dizer que não resultou, como seria quase de esperar? Nem consigo imaginar a cara dos meus pais e avós tal a vergonha que sinto logo que me engoliria.
Teria muita pena se um dia a minha filha me fizesse uma partida destas, obrigando-me a representar num casamento a fingir, em vez de estar verdadeiramente feliz e emocionada por a ver subir ao altar.

Eu até não digo que estes "especialistas" não consigam verdadeiros "matchs" (se o tinder consegue....), mas há obviamente um lado que lhes escapa, que eles não conseguem controlar, é preciso que haja química no casal. O meu homem-tipo ideal e pelo qual mais facilmente me apaixono tem olhos azuis e cabelo escuro (pronto, já sabem como é o Jack :D). Mas há homens com estas duas características que não são nada bonitos aos meus olhos pelo que não bastaria colocarem-me qualquer um de olhos azuis e cabelo escuro à frente para eu o achar uma brasa (sim, sim, há tudo o resto, a beleza interior e tal, mas a parte física também conta, certo?). E não havendo atracção física, a pessoa até pode ser compatível connosco em muita coisa, mas já falta algo essencial. E mesmo assim, corre-se o risco? Sabendo que há esta probabilidade de erro, valerá a pena tentar? Porque uma coisa é conhecer alguém no facebook, no tinder, num bar, ter um primeiro encontro, ir vendo se há compatibilidade, se a chama aumenta ou se apaga, sem pressões, sem envolver logo a família, sem compromissos para o resto da vida...Mas casar logo? Porque a questão não está apenas no dia do casamento, o verdadeiro ponto está nos dias todos que virão depois. E uma relação não é só felicidade, só paixão, só descobrir coisas boas, e estando já casados, o que é menos bom toma rapidamente um peso muito maior. Digo eu do alto da minha vasta experiência em relações amorosas e casamentos, ahah.

6 comentários:

  1. Estou absolutamente de acordo com todo o teu post. Também me ultrapassa. Acho tudo um grande circo e uma exposição desnecessária...

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  2. A diferença é que no Tinder somos nós que escolhemos o match e se a outra pessoa também o fizer é um ponto de partida,neste programa é alguém que faz por nós. Logo só por si está condenado ao fracasso, eu jamais participaria.

    PS. A minha relação também é com alguém da minha infância que voltou 20 anos depois.

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    1. Admito que não estou muito por dentro do funcionamento do tinder, nunca o instalei, mas tenho ideia que as pessoas que aparecem no visor é porque em principio, segundo algum algoritmo da aplicação, terão alguma compatibilidade com quem as está a ver. Mas posso estar enganada. :) O que há no tinder é pelo menos a "escolha física". Suponho que ninguém escola "match" se a achar a pessoa do visor feia. Nestes casamentos, essa parte (que acho importante) é uma verdadeira incógnita.

      P.s. Eu não tive de esperar tanto tempo, vá lá.:P

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  3. A diferença entre todas as redes sociais e este programa, é que este dá na televisão... e as pessoas não querem descobrir amor, querem descobrir o que é estar na televisão!

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    1. Agora que já vi uns episódios, também acho que há ali uma grande vontade de 15 minutos de fama nalgumas pessoas. :)

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