5.11.14

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Tenho cada vez mais a sensação que os miúdos de agora não sonham como nós sonhávamos e não pensam no futuro como nós pensávamos. Nos dias de hoje, perguntamos a um adolescente o que quer ser quando for adulto e não lhes sai uma resposta de jeito pela boca. Encolhem os ombros e olham para nós como se lhes tivéssemos perguntado quando é que estão a pensar ir à lua. Que pergunta tão estranha esta, o que querem ser quando forem grandes, ouvida repetidamente quando éramos pequenos. Eu quis ser professora, mulher-a-dias, cozinheira, secretária de uma empresa, ajudante de veterinária, ajudante de guarda-florestal, entre outras que agora não me lembro. O meu irmão em criança queria ser veterinário de formigas, profissão obviamente sem futuro mas era um objectivo ao contrário do grande nada que assola o futuro dos jovens de hoje. Bom, minto, também já ouvi um "quero ser prostituta" e um "casar com um homem rico". E fora estas duas coisas, tens algum outro interesse? Alguma profissão que gostasses de ser? Cabeleireira? Astronauta? Maquilhadora? Polícia? Artista de circo? Não, nada de nada. Parecem viver a vida deixando-a apenas correndo, sem planos, sem ideia do que farão no ano seguinte, quanto mais o que farão no futuro, nem que seja apenas em sonhos. E mesmo encontrando algum que diga que quer ser médico, advogado, juiz, militar, o encolher de ombros está lá acompanhado da resposta "De qualquer forma, não tenho capacidade para ser isso". Mas como assim? Eu que fazia sempre arroz salgado ou insonso aos meus pais, sem acertar no tempero uma única vez, achava que tinha todos os requisitos para ser cozinheira. Da mesma forma que segui a área da Biologia sem nunca me ter perguntado se tinha capacidade para isso, porque era simplesmente a área que eu gostava. Gostas de carros? Que tal seres mecânico? Náááá....Ah, gostas de computadores? Que tal informática? Encolher de ombros. Gostas de penteados? Que tal cabeleireira? Não....E uma pessoa desiste e olha para eles e invariavelmente pensa que nós não éramos assim. Aliás, nós queríamos ser tudo e mais alguma coisa.

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